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Polícia Federal indicia Haddad e João Vaccari por Caixa 2

São Paulo. A Polícia Federal (PF) indiciou o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad (PT) por falsidade ideológica. Também foram indiciados o ex-tesoureiro do partido João Vaccari Neto e mais cinco investigados. A Vaccari foram impostos os crimes de falsidade ideológica e lavagem de dinheiro. A PF atribuiu a quatro alvos lavagem de dinheiro e associação criminosa.

Em junho do ano passado, a campanha de Haddad foi alvo da Operação Cifra Oculta, desdobramento da Lava-Jato. Na ocasião, os investigadores pediram a condução coercitiva de Haddad, mas a Justiça negou.

O ex-tesoureiro do PT está preso desde abril de 2015 e condenado pelo Tribunal Regional Federal da 4.ª Região, a Corte de apelação da Lava- Jato.

O relatório de indiciamento de Haddad, Vaccari e outros investigados foi enviado na semana passada à Justiça Eleitoral.

O inquérito foi aberto em 25 de novembro de 2015 após a delação do empreiteiro Ricardo Pessoa, da UTC.

O executivo relatou que recebeu um pedido de Vaccari Neto “para pagamento de uma dívida de campanha do então candidato a prefeito da cidade de São Paulo, Fernando Haddad, relativa ao pleito de 2012”. Os valores deveriam ser pagos a uma gráfica pertencente a “Chicão”.

Ricardo Pessoa narrou que o pagamento foi operacionalizado pelo doleiro Alberto Youssef, “responsável por gerenciar a contabilidade paralela, à margem da legalidade, da empreiteira”.

Falsidade ideológica

Ao tipificar criminalmente a conduta de Haddad, a ele atribuindo violação ao artigo 350 do Código Eleitoral (falsidade ideológica), a PF destacou que “quanto à autoria, há de ser imputada àqueles que subscreveram a prestação de contas, ou seja, o então tesoureiro da campanha, Francisco Macena da Silva, bem como o candidato a prefeito e principal beneficiário dos serviços prestados, Fernando Haddad”.

Ao ser ouvido pela PF, Haddad declarou ainda que “mantinha reuniões semanais com Francisco Macena à época da campanha para tomar conhecimento das receitas e despesas que eram realizadas”.

Ainda de acordo com Haddad, na condição de tesoureiro da campanha eleitoral, “Chico Macena tinha conhecimento das contratações que eram feitas, pois tudo passava por ele, às vezes a posteriori”.

Defesa

Haddad se manifestou, ontem, sobre o seu indiciamento, negando, por meio de sua assessoria, enfaticamente envolvimento em irregularidades na campanha de 2012.

“Não há o mínimo indício de qualquer participação de Fernando Haddad nos atos descritos por um colaborador sem credibilidade, cujas declarações já foram colocadas sob suspeita em outros casos”, diz o texto.

Vaccari Neto negou também que tenha pedido qualquer doação ao delator Ricardo Pessoa. A defesa afirmou em nota que o indiciamento ocorreu com base exclusiva na palavra do delator.

O ex-deputado estadual Francisco Carlos de Souza, que construiu um império de gráficas em torno de serviços prestados ao PT, confessou à PF ter recebido valores em espécie do doleiro Alberto Youssef relativos a campanhas petistas nas eleições de 2012, não registrados pela Justiça Eleitoral.

Ele negou que os repasses em caixa dois tenham sido para a campanha de Haddad, mas envolve o ex-ministro e atual prefeito de Araraquara, Edinho Silva, em acertos para outros candidatos petistas naquele mesmo ano.

O prefeito de Araraquara, Edinho Silva, se manifestou por meio de nota, em que afirma desconhecer tal assunto e não entende o envolvimento de seu nome nessa questão.

Diário do Nordeste