Brasil

Rodrigo Maia nega candidatura à presidência, mas relativiza favoritos

Nova York/Brasília. Em visita oficial aos Estados Unidos para um encontro com o secretário-geral da ONU, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), negou que seja pré-candidato à Presidência da República.

Maia disse que, no momento, sua última preocupação são as eleições e que a viagem, agendada havia meses, nada tinha a ver com uma possível campanha para alavancar seu nome ao pleito.

“Não estou preocupado com eleição. Se eu estivesse, estaria ouvindo muitos dos meus amigos dizendo que eu não deveria manter a votação. Minha preocupação com as eleições neste momento é nenhuma”, afirmou.

Ceticismo

Sobre o tema, disse estar cético sobre uma possível vitória do deputado federal Jair Bolsonaro (PSC-RJ) e defendeu que Lula se candidate e concorra. “Eu nem acho que ele será o vencedor. Mas irei respeitar se ele vencer, como se o presidente Lula puder disputar a eleição e ganhar, ou o governador Geraldo Alckmin”.

O presidente da Câmara quer que Lula dispute as eleições porque acredita que ele irá perder -e que será o momento de provar que seu legado para o Brasil foi ruim. “É importante que ele dispute, porque tenho até muita convicção que ele vai perder as eleições. E é importante que a gente desmonte a tese de que o Lula é imbatível, que o legado dele foi uma maravilha”.

“Quem está andando pelo Brasil sabe o legado que ficou. Tem muito ativo colocado pelo PT que, para mim, é um passivo -fora o passivo que deixaram depois do impeachment, 14 milhões de desempregados, inflação explodindo, taxa de juros de 15%”, justificou Maia.

O deputado comentou ainda declarações de Bolsonaro sobre seus gastos com auxílio-moradia -na semana que passou, a Folha de S.Paulo revelou que o parlamentar manteve o benefício, apesar de ter imóvel próprio em Brasília. Em entrevista sobre o caso, disse que usava o dinheiro para “comer gente”. Para Maia, este é apenas o “perfil” do colega, que se utiliza de “frases de impacto e irônicas”.

“Minha crítica é em relação ao posicionamento extremado, do qual eu discordo, mas eu nunca vi o deputado Bolsonaro com atitudes concretas de desrespeito ao uso do dinheiro público”.

Meirelles

O deputado também minimizou um possível desconforto com o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles -que responsabilizou o Congresso, que ainda não conseguiu aprovar a reforma da Previdência, pelo rebaixamento da nota de classificação de risco da dívida brasileira pela agência Standard & Poor’s.

Maia disse que não mistura extremos e jogou a culpa do atraso na votação da reforma nas denúncias de corrupção contra o presidente Temer, barradas pela Câmara em agosto e outubro, os processos fizeram com que o governo perdesse base na Câmara.

“Sobre a reforma da Previdência, sempre fui realista. O governo sai do fim de 2016 de uma base de 316 deputados e termina, após a segunda denúncia, com 250. É preciso recompor 70, 80 votos”. Para ele, reconstruir a base para ter “conforto” na votação é fundamental.

Diário do Nordeste