Ceará

Arquivada a CPI do narcotráfico por falta de apoio

O pedido de instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) na Assembleia Legislativa, para investigar o tráfico de drogas no Ceará, foi para o arquivo. Segundo o presidente da Casa, deputado Zezinho Albuquerque (PDT), a proposta já não tem o número mínimo de assinaturas – 12 – para a criação do colegiado, além da “maioria” dos líderes partidários não concordarem com a iniciativa. O pedido de instalação foi feito no início da legislatura, em 2015.

“O pedido não tem mais o número suficiente de assinaturas e isso já vem há muito tempo. Nós tivemos uma reunião e a maioria (dos líderes partidários) deseja que não haja, nesse momento (a CPI), porque não temos meio”.

Segundo o presidente da Assembleia, o Conselho de Altos Estudos e Assuntos Estratégicos da Casa, presidido pelo deputado Tin Gomes (PHS), está estudando a realização de um seminário para discutir a questão da Segurança no Ceará. A ideia é que ele aconteça no próximo mês de maio, durante dois dias. Deverão ser convidados especialistas internacionais “que entendem de Segurança”, representantes de universidades e das Assembleias Legislativas de outros estados, secretários de Segurança do Nordeste e outras figuras.

“Você, às vezes, em um segundo, tem uma ideia maravilhosa. Por exemplo, quando está se analisando uma mensagem do governo, em um segundo, um deputado tem uma ideia boa, entra com uma emenda e é aprovada e ajuda milhares de cearenses. O importante é que as pessoas que venham para esse seminário vão contribuir para isso e a Assembleia quer contribuir, fazer a sua parte, como está fazendo nos momentos em que é exigida. Na promoção dos policiais militares, (dar) autonomia ao Ministério Público, com as novas comarcas, a Assembleia sempre faz a sua parte”, defendeu.

Comentários

O pedido de instalação da CPI do narcotráfico, como se tornou conhecida, motiva polêmica desde o momento que foi apresentado. A maioria dos deputados sempre foi contra. Alguns dos defensores da instalação queriam garantia de segurança para poder fazer parte da mesma.

Recentemente, o líder do Governo, deputado Evandro Leitão (PDT), da tribuna da Casa foi claro ao dizer que não participaria de tal CPI, pois temia pela sua família, gerando, inclusive, uma série de comentários negativos à atuação do setor de Segurança.

Líder da bancada do PT na Assembleia, o deputado Manoel Santana disse que tanto é a favor do seminário como de uma CPI para investigar o mercado ilegal de drogas no Estado. “Eu, particularmente, sou a favor, mas outros deputados com quem eu falei, o pessoal tem medo de participar e sofrer algum tipo de retaliação. As pessoas com quem eu falei, o medo não era de que pudesse haver política do assunto, era o medo de agressão à família”, relatou.

É, justamente, temendo a sua segurança e a de sua família, que a líder do PMDB na Casa, deputada Silvana Oliveira, se diz contra a criação da CPI. Para ela, a proposta, apresentada pela deputada Rachel Marques (PT), do partido do governador, vem sendo tratada como “bandeira política” pela oposição. “A segurança do nosso povo não deve servir de palanque eleitoral que coloque em risco uma vida que seja. Covarde é só o que não sou. Deputado não tem segurança privada. Ele é sujeito a sofrer como qualquer outro. Deputado é gente de carne e osso, somos povo”, diz.

Diário do Nordeste