Ceará

Número de pré-candidatos acentua incertezas locais

O imbróglio quanto à eleição para a Presidência da República segue sendo um dos principais assuntos entre parlamentares e lideranças políticas no Estado. A decisão de Joaquim Barbosa (PSB) de não disputar o pleito deste ano, anunciada na última semana, gerou diversas especulações nos partidos políticos. Enquanto pedetistas cearenses comemoram a possibilidade de Ciro Gomes (PDT) se beneficiar com os votos que iriam para o pessebista, outros lamentam o processo de fragmentação da esquerda neste momento decisivo para a formação de alianças.

Osmar Baquit (PDT) destacou que a esquerda corre risco de, separada no primeiro turno, não chegar a um segundo momento da disputa eleitoral deste ano. Segundo ele, caso isso ocorra, existe a possibilidade de o segundo turno ser disputado por um candidato de centro-direita e outro de extrema-direita. “Está claro que o candidato de centro-esquerda, hoje, é o Ciro. O PT nunca se preparou para concorrer com outro candidato que não o Lula. Se tivessem outro nome, já estariam com ele na rua”.

Baquit também relembrou que Ciro Gomes apoiou o PT nas últimas quatro eleições. “Se a esquerda tiver juízo, vai perceber que é hora de se juntar e fazer um acordo. Coloquem os pré-candidatos em uma pesquisa e aquele que tiver melhores chances é o candidato”.

Julinho (PPS) afirmou que Ciro Gomes foi beneficiado por recentes manifestações públicas de lideranças de esquerda, como o governador do Maranhão, Flávio Dino, e a pré-candidata Manuela D’Ávila, ambos do PCdoB. Antes deles, dirigentes do PT já tinham se colocado favoráveis a tal tese, assim como o governador do Distrito Federal, Rodrigo Rollemberg (PSB).

“É como o próprio Ciro Gomes diz: o centro é um ponto fictício da geometria política. Ele vai procurar o caminho que será o menos difícil”, analisou, ao tratar da possibilidade também de atração de siglas como DEM, PR e PP.

“A impressão que eu tenho é que a eleição presidencial de 2018 apresenta, nesse momento, alto grau de fragmentação de candidaturas. Evidentemente, isso não vai terminar com essa quantidade, e haverá fusão de algumas candidaturas”, disse, por sua vez, o deputado Elmano de Freitas, do PT.

Indefinições

Para ele, porém, ainda que faltem pouco mais de três meses para a campanha, qualquer avaliação, hoje, é prematura, visto que o eleitor, salvo aquele fiel a determinada candidatura, não tem ainda voto definido. “O eleitor só vai começar realmente a tomar uma decisão quando as eleições começarem”.

João Jaime (DEM) opina que a desistência de Joaquim Barbosa livrou a sociedade brasileira de um candidato “muito complicado”. Ele ressaltou que Geraldo Alckmin, Marina Silva e Ciro Gomes são os mais beneficiados com a desistência, visto que o eleitorado do ex-ministro do STF é “um tipo de eleitor que acha que um ‘salvador da Pátria’ vai resolver as coisas”. O parlamentar destacou, ainda, que tem ouvido especulações oriundas de Brasília, como de aliança entre MDB, PSDB, DEM e PODEMOS, além da possibilidade de o DEM apoiar Ciro Gomes.

Diário do Nordeste