Deputado leva óleo de peroba ao plenário da AL
O deputado Roberto Mesquita (PROS), um dos que mais defenderam o conselheiro em disponibilidade do Tribunal de Contas do Estado (TCE), Domingos Filho, quando do rompimento deste com o grupo do governador Camilo Santana e no curso do processo de extinção do Tribunal de Contas dos Municípios (TCM), surgiu ontem na Assembleia com vidros de óleo de peroba. Para o parlamentar, “o que estamos assistindo hoje é um verdadeiro disparate: pessoas se unindo para manterem seus empregos e, pasmem, que são os mandatos legislativos”, disse ele, referindo a adesão do próprio Domingos e outros ao grupo representado por Camilo.
O anúncio da saída de Domingos Filho, de seus liderados e do deputado federal Genecias Noronha, presidente estadual do Solidariedade, da oposição, para integrarem-se ao grupo governista, foi o principal tema levado à sessão ordinária do Legislativo estadual, na terça-feira, por alguns oposicionistas. Os governistas, a maioria surpresos com os fatos noticiados, só tratavam do assunto nos corredores que levam ao plenário da Assembleia.
Exibindo garrafas de óleo de peroba da tribuna da Assembleia, Mesquita criticou aqueles que praticam a “política da cooptação” em nome do poder. “Se hoje te amo, amanhã te odeio. Nós precisamos usar essa tribuna para fazer com que o óleo de peroba venda menos para que os homens públicos não sejam como os marinheiros, que deram origem a essa expressão e saíam por aí mentindo”, disse o deputado que, no ano passado, fazia pronunciamentos defendendo Domingos Filho.
Antes de Mesquita, o deputado Ely Aguiar (PSDC), que se classifica como “independente”, criticou o comportamento de políticos que mudam de “lado” visando apenas ganhar “benefícios”. Ele também colocou dois vidros de óleo de peroba sobre o púlpito, durante seu pronunciamento, dedicando-os aos políticos “caras de pau”.
“Poucos têm hombridade moral, posição correta, para não ficar passando para o lado A, para o lado B, para o lado C. Não existe ideologia política e você passa de um lado para o outro com a finalidade de ganhar benefícios para si ou para seus familiares ou para algum correligionário que você queira prestigiar”.
Prato
“Esses acordos, esses conchavos são feitos com a utilização do recurso público. Acho que a política é para pessoas que têm vergonha na cara. Para muitos políticos brasileiros, usar óleo de peroba é pouca coisa”, continuou. O deputado ainda demonstrou indignação com aqueles que “cuspiram no prato que comeram, depois voltaram a comer no mesmo prato que cuspiram”.
Para o deputado Carlos Matos (PSDB), hoje o “que vale é o interesse pessoal, não é o que é melhor para o Estado. Alguém que muda radicalmente uma posição da noite para o dia é o que? Um dia, um deputado chega aqui e faz uma crítica enorme ao Governo. Parece oposição de barganha, para ver se vale mais e, depois, valendo muito, já não fala mais. A cooptação que o governo fez de boa parte da oposição mostra que a política precisa, de fato, de uma grande reforma no País, para que sejam mais coerentes os caminhos e que a sociedade não fique tonta”.
Diferentemente do deputado Genecias Noronha, que acertou sua ida para o Governo e nada disse aos oposicionistas, Domingos Filho, na segunda-feira (21), comunicou sua decisão ao senador Tasso Jereissati (PSDB).
Diário de Nordeste