Ceará

Disputas presidenciais têm pouco protagonismo do Ceará

Em quase 130 anos de República, apenas cinco políticos nascidos ou radicados no estado do Ceará disputaram os cargos de presidente ou vice-presidente do Brasil em um total de 25 pleitos (diretos ou indiretos).

Neste ano, Ciro Gomes, nascido em Pindamonhangaba (SP), mas radicado no Ceará desde a infância, voltará a colocar o Estado no centro da briga pela presidência da República.

Essa será a terceira vez que Ciro disputará o cargo, tendo acumulado em seu currículo os cargos de prefeito de Fortaleza, governador do Ceará, ministro dos governos Itamar Franco e Luiz Inácio Lula da Silva, além de já ter sido deputado estadual e deputado federal. A confirmação da candidatura do pedetista acontecerá daqui a quatro dias, na sexta-feira (20), em convenção da sigla. O nome do candidato a vice-presidente ainda não foi revelado. Ciro aparece entre a terceira (com 8% das intenções de votos) e a quarta posição (com 4%) nos dois cenários avaliados na última pesquisa CNI/Ibope, divulgada em junho.

O primeiro cearense a disputar um pleito presidencial foi Juarez Távora, militar que enfrentou, pelo PDC (apoiado pela UDN), o mineiro Juscelino Kubitschek (PSD), nas eleições de 1955. Távora ficou em segundo lugar e obteve 2.610.462 sufrágios, o que correspondeu a 30,27% dos votos válidos.

Juarez Távora não foi, contudo, o primeiro cearense a tentar conquistar o eleitorado nacional. Em 1922, o escritor Justiniano de Serpa disputou o cargo de vice, em uma eleição suplementar realizada após a morte do maranhense Urbano Santos (PRM). Justiniano recebeu apenas 58 votos e o eleito para o posto foi o pernambucano Estácio Coimbra, que obteve 295.787 votos.

Em 1964, as disputas passaram a ocorrer no colégio eleitoral. Naquele pleito indireto, houve dois cearenses em disputa: o próprio Juarez Távora, que foi apoiado por apenas três deputados e Humberto de Alencar Castello Branco foi eleito com 361 votos. Ele não foi, porém, o primeiro cearense a ocupar o cargo máximo do Executivo brasileiro.

Cerca de 20 anos antes, José Linhares, foi o primeiro cidadão nascido no estado a comandar o País, por um breve período de 3 meses e 2 dias, entre outubro de 1945 e janeiro de 1946. Linhares era o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF).

Paes de Andrade, Mauro Benevides e Eunício Oliveira (todos do PMDB) também ocuparam a presidência de forma interina, em diferentes períodos, nos últimos 35 anos: o primeiro na qualidade de presidente da Câmara; os outros dois exercendo a presidência do Senado.

Pós-redemocratização

Na chamada “Nova República”, apenas em 1998 o estado voltou a ter postulantes ao Palácio do Planalto: Ivan Frota (PMN), que recebeu 251.337 votos (0,37% do total de sufrágios válidos); e Ciro Gomes (então no PPS), que ficou em terceiro lugar, com 7.426.190 votos, ou 10,97% do total de votos válidos.

Ciro disputou novamente o cargo em 2002, mas daquela vez ficou na quarta colocação, mesmo tendo obtido votação maior: 10. 170.882 votos.

Histórico

Presidentes

-José Linhares: Governou entre outubro de 1945 e janeiro de 1946.

– Humberto de Alencar Castello Branco : Foi o primeiro presidente do regime militar, tendo governado entre abril de 1964 e março de 1967.

– Antonio Paes de Andrade: Como presidente da Câmara, assumiu a Presidência da República, de forma interina por 11 vezes, entre os governos Sarney e Collor.

– Carlos Mauro Cabral Benevides: Como presidente do Senado Federal, assumiu a Presidência da República, de forma interina em 1992.

– Eunício Lopes de Oliveira: Também na qualidade de presidente do Senado, assumiu a Presidência, de forma interina em 2017.

Disputaram a presidência

– Juarez do Nascimento Fernandes Távora: Teve 2.610.462 votos, ficando atrás de Juscelino em 1955 (30,27% dos votos válidos). Juarez Távora também recebeu 3 votos no colégio eleitoral em 1964, tendo disputado contra Castelo Branco.

– Ivan Moacyr da Frota: Disputou o cargo em 1998 pelo PMN, quando recebeu 251.337 votos (0,37% do total de sufrágios válidos)

– Ciro Ferreira Gomes: Disputou em 1998, quando ficou em 3º lugar e teve 7.462.190 votos (10,97% dos votos válidos), e em 2002, quando ficou em 4º lugar, com 10.170.882 votos (11,97% dos votos válidos)

Disputou como vice

– Justiniano José de Serpa: Disputou as eleições suplementares de 1922 ao cargo de vice-presidente. Teve apenas 58 votos.

Diário do Nordeste