Ceará

Chuvas intensas: recarga de açudes e transtornos no interior

Com as fortes chuvas, o nível do rio subiu e destruiu um trecho da rodovia CE-176 que dá acesso às praias de Icaraí de Amontada e Moitas
Nos últimos três dias as precipitações no Estado foram substanciais. Sobretudo em regiões que estavam com volumes pluviométricos aquém da média histórica, como no Cariri e Centro-Sul, áreas vitais no auxílio da recarga hídrica para açudes importantes do Estado, como Orós e Castanhão.

De acordo com os dados da Funceme, entre as 7 horas de sábado e 7 horas de domingo, choveu em 107 dos 184 municípios do Estado. Em sete deles o órgão contabilizou volume acima dos 100 milímetros

Os últimos três dias as precipitações no Estado foram substanciais. Sobretudo em regiões que estavam com volumes pluviométricos aquém da média histórica, como no Cariri e Centro-Sul, áreas vitais no auxílio da recarga hídrica para açudes importantes do Estado, como Orós e Castanhão.

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De acordo com dados da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme), entre as 7 horas de sábado e 7 horas de ontem, choveu em 107 dos 184 municípios do Estado. Em sete deles o órgão contabilizou volume acima dos 100 milímetros. Deste total, quatro estão situados no Cariri, região que, ao todo, contabilizou boas chuvas em 22 cidades.

Lavras da Mangabeira obteve a maior intensidade do Ceará, para o período. A Funceme observou o acumulado de 148.6 mm. A chuva alagou várias ruas do Centro e a água chegou a entrar em algumas casas da área. A barragem (passagem molhada) sobre o Rio Salgado voltou a transbordar.

O afluente tem relevância para o Estado por escorrer até a cidade de Icó onde deságua no Rio Jaguaribe e daí para Jaguaribe, Jaguaribara até chegar à bacia do Açude Castanhão, o maior do Ceará, que acumula apenas 3,6% de seu volume.

“Essa água também é fundamental para a recarga do Orós que até agora não recebeu nada”, observa Anatarino Torres, chefe do escritório regional da Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh), em Iguatu.

Estragos

Em algumas localidades do interior cearense, as chuvas fortes geraram transtornos e estragos. Em Icaraí de Amontada e Moitas, no litoral Oeste, as intensas precipitações registradas na região fizeram com que o nível de um rio subisse e avançasse sobre a pista, causando a obstrução num trecho da Rodovia CE-176 que dá acesso às praias.

A força da correnteza arrastou o asfalto e abriu um enorme buraco na estrada, deixando motoristas e moradores ilhados. A cratera aberta tem aproximadamente 80 metros de comprimento e cinco metros de profundidade. Em nota, o Departamento Estadual de Rodovias (DER), explicou que já está trabalhando para restabelecer o acesso a Icaraizinho de Amontada, pela CE-176, no trecho entre Icaraí e entroncamento da CE-085, na localidade de Aracatiara, distrito de Amontada. Uma via provisória será aberta no local para garantir a passagem de veículos no trecho até que a rodovia seja recuperada.

Por enquanto, os motoristas terão que utilizar o trecho pela localidade de Campo Grande, o que acrescenta dez quilômetros ao percurso para ter acesso às praias. O superintende do DER, Sérgio Azevedo, antecipou que a rodovia será restaurada até o dia 10 de abril.

Em Jeri, as chuvas fortes mais uma vez causaram transtornos. A coleta de lixo ficou suspensa por dois dias, sexta e sábado, sendo regularizada no domingo (24). No fim de semana, diversos carros ficaram encobertos pelas águas. O caminho do Parque Nacional de Jeri, que liga Jijoca até a Vila de Jericoacoara, e a passagem que liga a Praia do Preá à Vila também ficaram alagados. Para minimizar os impactos, a Prefeitura de Jijoca colocou sacos de areia nas ruas para evitar a erosão.

Cota máxima

A chuva, no entanto, garantiu importante aporte hídrico para 54 açudes do Estado, com destaque para o Caldeirões, em Saboeiro, que começou a sangrar ontem. Junto a ele, outros 20 reservatórios também já alcançaram o volume máximo e outros dois açudes estão com capacidade acima dos 90%, conforme dados atualizados ontem pela Cogerh. Este aporte permitiu que o Açude Tigre deixasse o volume morto.

Apesar do aumento, o índice é tido como baixo e ainda causa preocupação, uma vez que o segundo semestre do ano, no Estado, é marcado por poucas ou quase nenhuma chuva.

Fenômeno

Conforme a Funceme, as precipitações deste fim de semana estão relacionadas, principalmente, à atuação da Zona de Convergência Intertropical (ZCIT), “que apresentou-se em posição favorável e ainda com maior atividade convectiva (processo físico de formação de nuvens de chuva)”.

De acordo com a Funceme, a previsão para esta segunda-feira (25) é de nebulosidade variável com eventos de chuva no Litoral Norte, na Serra da Ibiapaba, Cariri e no Maciço de Baturité. Nas demais regiões, nebulosidade variável com chuvas isoladas.

A tendência é uma redução das precipitações sobre o Ceará a partir de amanhã. O prognóstico da Funceme para o período chuvoso de março a maio de 2019 indica 40% de probabilidade de chuvas em torno da normal climatológica.

Diário do Nordeste