Brasil

Bolsonaro retoma articulação política para ampliar base de apoio

A distribuição de cargos no Poder Executivo a políticos pode compor o arsenal do Palácio do Planalto na estratégia da busca de votos para aprovar a proposta da reforma da Previdência no Congresso. Nesta quinta, o presidente Jair Bolsonaro começa a receber os presidentes dos partidos para discutir apoio às matérias do Governo.

Nesta quarta, o vice-presidente Hamilton Mourão disse que, caso as legendas concordem com as propostas do Palácio do Planalto, poderão ganhar cargos no Executivo.

“A partir do momento que esses partidos estejam concordando com o que o Governo pretende fazer, é óbvio que eles vão ter algum tipo de participação, seja em cargos nos estados, algum Ministério ou algo do gênero. Isso é decisão do presidente, né?”, declarou Mourão a jornalistas, na saída do seu gabinete na Vice-Presidência, em um anexo do Palácio do Planalto.

Para Mourão, o Governo tem que, em primeiro lugar, apresentar as suas propostas com clareza para atrair e reunir os partidos em torno delas. Ele disse achar que “esse é o ponto focal”.

Já para o ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, a intenção de Bolsonaro é formar a base para a votação da Reforma no plenário da Câmara.

Nesta quinta, serão recebidos por Bolsonaro os presidentes do PRB, Marcos Pereira; do PSD, Gilberto Kassab; do PSDB, Geraldo Alckmin; do DEM, ACM Neto; do PP, Ciro Nogueira e do MDB, Romero Jucá. Outros presidentes de partidos serão recebidos na próxima semana. Onyx citou que as conversas ocorrerão com PSL, SD, PR e Podemos.

Oficialmente, só o PSL faz apoio formal ao Governo, o que não se traduz necessariamente em cargos. Para o ministro, primeiro é necessário o diálogo para depois convidar e “abrir as portas”. “Para que tenhamos uma base constituída, a gente precisa dialogar, convidar e abrir as portas. É o que nós estamos fazendo”, afirmou o ministro, ontem, após reunião com a Executiva do DEM no Congresso.

Em Brasília, ainda se evita admitir em público que cargos estão sendo oferecidos nas negociações. Durante a campanha eleitoral, Bolsonaro martelou o fim do chamado “balcão de negócios”, o famoso “toma lá dá cá”.

“Declaro de antemão que não vamos pedir nada ao presidente. Nem hoje e nenhum dia vou participar de discussão com o presidente sobre cargos”, disse ACM Neto.

Encontro com líderes

O vice Hamilton Mourão recebeu, nesta quarta, os líderes do PRB na Câmara, Jhonatan de Jesus (RR), e no Senado, Mecias de Jesus (RR), e o deputado Vinicius Carvalho (PRB-SP), vice-líder da legenda na Câmara. Também se encontrou com o deputado Fausto Pinato (PP-SP), vice-líder do bloco vencedor das eleições na Câmara

Articulação política

Mourão afirmou, após as reuniões com líderes partidários, que não está se posicionando como um articulador político do Governo. Garante que são apenas visitas de cortesia. “Obviamente tocamos nesses temas (de interlocução política), mas não tenho nenhuma autorização ou delegação do presidente para realizar esse tipo de atividade”, disse o vice-presidente da República.

Diário do Nordeste