Vaticano autoriza início da Causa de Beatificação do monsenhor Arnóbio de Andrade
O Vaticano autorizou a Diocese de Sobral a iniciar a Causa de beatificação e de Canonização do monsenhor Joaquim Arnóbio de Andrade, fundador da Congregação das Missionárias Reparadoras do Coração de Jesus. O religioso, falecido em 1985, é símbolo da fé católica no município cearense, distante cerca de 232 km da Capital.
Cearense nascido na cidade de Massapê, Padre Arnóbio, como era conhecido, continua como exemplo dentro da congregação que fundou. Partiu das Missionárias Reparadoras do Coração de Jesus a iniciativa da beatificação. Em uma assembleia extraordinária que foi realizada no dia 2 de abril de 2018, a congregação concordou que a Causa da Beatificação, já discutida anteriormente, deveria ser colocada em prática.
Em julho, o advogado José Luís Lira foi procurado pela congregação e começou a indicar os caminhos que deveriam ser percorridos durante o processo. Segundo José Luís, inicialmente elas o pediram para ser o postulador, mas ele indicou Paolo Vilotta, postulador da Causa dos Santos no Vaticano e residente em Roma.
Conforme explicou o advogado e atual vice-postulador, o postulador é como um “advogado” do candidato a beatificação, cuja tarefa é investigar detalhadamente a vida do candidato para conhecer sua fama de santidade. Sua residência em Roma serviria para adiantar o processo, dada a proximidade com o Vaticano.
O bispo Diocesano de Sobral, Dom José Luiz Gomes de Vasconcelos, recebeu a Madre da congregação, Irmã Antonieta Carneiro Portella, para que fossem apresentadas a abertura da Causa, a nomeação do postulador e a Oração pelo Servo de Deus, redigida por José Luís Lira. Dom Vasconcelos se mostrou favorável à todas essas indicações.
A Causa foi enviada ao Vaticano, que respondeu em documento, recebido no último dia 23. Em latim, a Pontifícia Congregação para as Causas dos Santos, firmado pelo prefeito da Congregação, cardeal Angelo Becciu e pelo arcebispo titular de Mevânia e secretário da Congregação, Dom Marcello Bartolucci. O documento afirmou que, da parte da Santa Sé, “nada obsta” a Causa do Servo de Deus Joaquim Arnóbio de Andrade.
“Nada obsta é um documento onde a Santa Sé indica que não há nenhum impedimento para a Causa”, indicou José Luís Lira. Com isso, existe a expectativa que a primeira parte do processo deve ser concluído ainda neste ano. “De um modo geral, estamos muito satisfeitos, pois a Causa tem corrido muito célere”, contou à reportagem. “Acho que são sinais de que a causa é do agrado de Deus e que vai correr tudo bem”.
Após a investigação da vida do já Servo de Deus Padre Arnóbio, caso o resultado seja positivo, já teremos o cearense sendo considerado venerável. Na segunda parte do processo de beatificação é necessário comprovar um milagre ocorrido por sua intercessão. Possíveis milagres já estão sendo analisados pelos envolvidos no processo.
Depois disso, caso um milagre ocorra após a beatificação do Monsenhor Arnóbio, ele pode ser canonizado, passando a ser considerado santo.
Para José Luís Lira, as lições de padre Arnóbio ajudam a entender a importância dele para a comunidade católica local. “Um irmão dele contou que os outros irmãos iam jogar bola, e ele saía acompanhado de um amigo. A mãe dele ficou preocupada e pediu que um dos irmãos mais velhos os seguissem. Quando viram, os dois chegavam na igreja e iam conversar com o pároco, que os orientavam para ser coroinhas”, relatou o professor.
O amigo de Padre Arnóbio era Dom Expedito Lopes, religioso também nascido em Sobral que assumiu a Diocese de Garanhuns, em Pernambuco, onde foi assassinado por um padre local, investigado por ele por supostos desvios da fé. “Enquanto os meninos iam jogar bola, os dois procuravam a igreja”, completa.
“Padre Arnóbio é de uma memória irretocável. É um testemunho de sacerdote fiel ao sacerdócio, à Igreja, ao amor pelo coração de Jesus. É tanto que fundou uma congregação para reparar as ofensas ao Coração de Jesus. Eu acredito que é um santo que nós conhecemos, alguém com quem convivemos”, contou José Luís, que estudou em uma escola dirigida pelas Irmãs da congregação fundada pelo padre Arnóbio.
Monsenhor Arnóbio de Andrade, que completaria 104 de nascimento no último dia 26, teve como carisma, durante a criação da congregação, amor, reparação e evangelização. “Em missa pelo aniversário dele, o padre dizia que o carisma dado pelo Padre Arnóbio não mais pertencia somente à congregação, mas ao mundo”, contou José Luís.
Fonte: O Povo