Brasil

Tasso mostra disposição para enfrentar pressões da ala governista

Brasília. Durante a sessão da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), que preside, o presidente interino do PSDB Tasso Jereissati recebeu o apoio do tucano Ataídes Oliveira (TO) e do senador Armando Monteiro (PTB-PE) pelo programa “corajoso” que segundo o petebista, aponta os males do atual sistema político. Apesar de reconhecer que a crise “moral e econômica” ainda persista, o senador Ataídes, entretanto, pediu que Tasso reconhecesse os ganhos do PSDB ao apoiar o governo do presidente Michel Temer, pelos avanços na política econômica em relação ao governo da presidente cassada Dilma Rousseff, que ajudaram a derrubar.

Ontem em entrevista à Rádio Jovem Pan, Tasso afirmou que o cargo de presidente continua à disposição de Aécio Neves, caso o senador mineiro decida retomar o cargo. Ele também comentou sobre a repercussão do programa do PSDB.

“O programa é de total responsabilidade minha. Isso não significa que eu não tenha ouvido outras lideranças do partido, antes do partido ser terminado e ir ao ar. Nós ouvimos as lideranças mais representativas do partido, em várias instâncias, do Senado, da Câmara, o ex-presidente Fernando Henrique, por exemplo, e o próprio senador Aécio Neves, que foi a única liderança que não gostou”, disse Tasso.

Ele defendeu o conteúdo do programa: “não há nenhuma razão para tanta celeuma, para tanta revolta, porque ele não atinge a ninguém diretamente. Ele não ofende a ninguém, ele não agride a ninguém. Ele simplesmente fala em duas coisas. Uma revisão de erros cometidos pelo partido e a defesa do parlamentarismo”.

Questionado sobre a decisão do grupo de tucanos governistas de lhe enviar uma carta com o pedido para que se juntasse à ala majoritária do partido ou entregasse o posto para outra pessoa, Tasso primeiro disse que não considera maioria a parte que quer sua saída.

Ele também comentou sobre um possível desembarque do PSDB no governo Temer. “Eu defendi isso, sem nenhuma dúvida, agora nunca ficar contra o governo e assumir uma posição como a do PT, com “Fora Temer” e uma oposição ostensiva ao governo”, explicou Tasso.

Apoio de seus pares

Em apoio ao senador peessedebista, o petebista Armando Monteiro disse que o programa tucano criticado pela ala governista do PSDB é “um divisor de águas” e ajudará a regenerar “o tecido político”, com a discussão sobre valores que grande parte da elite política perdeu “nos desvios do patrimonialismo e corrupção sistêmica”. Coube ao senador Ataídes ocupar o microfone para tocar no assunto. Ele manifestou apoio integral a manutenção de Tasso no comando do PSDB e elogiou sua “coragem” por ter produzido “um programa verdadeiro” ao povo.

“Por isso as críticas, até internas no nosso partido. Mas vão ter que me convencer que Vossa Excelência errou no tom. Para mim acertou 100%. Talvez tenha sido muito direto, muito reto e duro, mas o povo precisava disso”, disse Ataídes.

O ex-ministro da Indústria e Comércio do governo Dilma, Armando Monteiro, elogiou a decisão de Tasso, de, como interino, enfrentar as mazelas do sistema político. “Quero me associar a todos que entenderam o programa do PSDB como corajoso, um divisor de águas, enfrenta sem tergiversação todos os males do atual sistema político. É uma contribuição extraordinária e esse sentimento tomou conta da sociedade”, discursou.

Ainda na Mesa da Comissão, Tasso agradeceu e mostrou disposição de não recuar diante da pressão da ala governista para se afastar. “As avaliações dos que gostaram, do senador Ataídes , e dos que não gostaram são igualmente valiosas. Mas quando vem de um senador de outro partido, com toda a história de Vossa Excelência, tem um valor muito especial e me dá muita coragem para enfrentar a polêmica”, agradeceu Tasso.

Ontem, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), também defendeu que Tasso permaneça no comando do partido até o final do ano. “O Tasso já assumiu a presidência do partido e vai até dezembro cumprir um papel importantíssimo nesse trabalho”, disse.

Fonte: O Estado