Ceará

Ciclismo de competição e lazer cresce no Interior do Ceará

Lazer ou competição, não importa a opção, o ciclismo está crescendo no Interior do Ceará. Após o boom das motocicletas nas últimas décadas, essa atividade praticada com a bicicleta, está voltando a conquistar adeptos de todas as idades. Eles estão formando grupos e participando de passeios urbanos e rurais, e também de desafios pessoais e esportivos como percorrer trilhas e enfrentar adversários nas provas de speed, de BMX e de mountain bike. Para os organizadores essas competições estão em ascensão no Estado.

Prova desse crescimento foi registrada no último fim de semana em Quixadá, onde 370 ciclistas de várias cidades cearenses participaram de uma dessas competições. Era a terceira etapa do Vale Extreme, com provas de resistência em diversas categorias no estilo cross country, onde os competidores percorreram circuitos com 37Km para iniciantes e participantes femininas, e outro com 20Km a mais, para os mais experientes. Mas a maioria mesmo procurava era a diversão, a confraternização, conhecer novos ares, novas estradas, e conquistar mais amigos.

Esse é o caso do autônomo Stanley Moreira da Silva, 41 anos, e do seu filho Wesley Lima, 19. O jovem é tetraplégico, mas foi no ciclismo que o pai encontrou uma forma de inclui-lo socialmente. Com um pouco de criatividade, ele adaptou uma bicicleta cargueira para passearem juntos. Quando tomaram conhecimento da formação de um grupo de pedaleiros em Limoeiro do Norte, cidade próxima a Jaguaruana, onde eles residem, não pensaram duas vezes. Resolveram participar. Foram recebidos de braços abertos. Agora, além das pedaladas habituais, pai e filho acompanham a turma do mountain bike. A última viagem foi a Quixadá.

Segundo Wagner Silva e Lucas Viana, organizadores da prova em Quixadá, a Monólitos MTB Racing, a ideia deles se unirem a outros ciclistas, praticantes das trilhas, ganhou força no início do ano, quando outros grupos viram nas redes sociais as provas isoladas em algumas cidades e resolveram criar um circuito estadual, atraindo mais adeptos. Na “Terra dos Monólitos”, como Quixadá também é conhecida, o encontro havia sido realizado às margens do Açude Cedro, que estava completamente seco. Seis meses depois a prova foi incluída no circuito do Vale Extreme.

A iniciativa partiu do bioquímico Klaus Magno Fernandes, 41 anos. Ele mora em Aracati, no Litoral Leste do Estado. O ciclismo ganhou força na sua vida, melhor, nas suas pernas, quando sofreu uma complicação no joelho jogando futebol, em 2009. Precisou operar e, para se recuperar, fortalecer os músculos, o médico recomendou o ciclismo como terapia. Passou a participar com frequência dos grupos de night bikes e da brincadeira de amigos passou a pedalar por 10, 20, até 100Km.

Desafio

A prática saudável acabou se tornando um desafio, na verdade um pretexto para estimular e manter os amigos unidos, foi quando em 2013 resolveram criar o Vale Extreme. Novas amizades surgiram. Uma delas foi a de Karpegiane Freire, de Tabuleiro do Norte, e os dois incluíram as provas nas duas cidades, juntamente com outras quatro, num calendário anual. De lá para cá, a “família” aumentou, e o tamanho da confraternização também. Quixadá se tornou o caçula dos irmãos, recebendo elogios pelo excelente circuito natural, destacou Klaus.

Para o empresário Neuton Alves de Sousa, o evento realmente vai além da competição. O ambiente se torna muito agradável e cria um interessante intercambio entre moradores das várias regiões do Ceará. Além dos competidores, os familiares, amigos, todos seguem em caravanas para a cidade anfitriã. Apaixonado por sua terra natal, resolveu apoiar a ideia e oferecer um café da manhã especial para os quase mil visitantes, afinal, quem é bem acolhido sempre retorna, ressaltou.

A próxima etapa do Vale Extreme, a Aracati Adventure Maratona XCM, será no dia 17 de setembro em Aracati. Todos os quartos do Hotel Mirante das Gamboas, onde a prova é realizada, já estão reservados. Mais de 180 ciclistas já se inscreveram, do Ceará, de estados vizinhos e até mais distantes como a Bahia e São Paulo. No ano passado, foram 400 competidores. A prova, valendo pela 3ª Etapa do campeonato promovido pela Federação Cearense de Ciclismo, (FCC) tem pontuação máxima para o ranking nacional da modalidade mountain bike.

Popular

Segundo o presidente da FCC, Eduardo Lopes, realmente, o ciclismo voltou a se popularizar no Estado e até no País, a partir de uma medida adotada pela Federação Cearense. Antes, até para realizarem passeios em grupo, os ciclistas precisavam pedir autorização à entidade federativa, a quem cabia à responsabilidade civil nos casos de acidente.

A situação foi analisada e, ao perceber que a norma, criada por ex-dirigentes da Federação, era irregular a exigência foi extinta. Sem a cobrança, os amigos ciclistas voltaram às ruas. As ciclovias vieram atrás e o interesse pelas competições também.

Na atual presidência da FCC, quando os ciclistas se inscrevem nas competições, recebem seguro de acidentes. O modelo é seguido nas competições do Vale Extreme.

Fonte: Diário do Nordeste