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Tasso Jereissati abre mão de candidatura para presidente do partido pelo consenso no PSDB

São Paulo. Depois de quase um mês de disputa entre duas candidaturas para a presidência do partido, o PSDB chegou a um acordo em torno do governador Geraldo Alckmin (SP).

Ontem, o senador Tasso Jereissati (CE) e o governador Marconi Perillo (GO) retiraram seus nomes da disputa, em favor do tucano paulista.

O acordo entre os três foi selado em um jantar no Palácio dos Bandeirantes, sede do governo paulista, com a presença do ex-presidente da República Fernando Henrique Cardoso.

A costura dá poder e fortalece o nome de Alckmin como pré-candidato ao Planalto em 2018 pelo PSDB.

Alckmin já vinha indicando que aceitaria ser candidato ao comando da sigla se Tasso e Perillo saíssem da disputa. O primeiro sinal veio de Tasso, com quem o governador paulista conversou na última quinta (23).

No domingo (26), Perillo esteve em São Paulo a convite do ministro Gilberto Kassab (Comunicações), presidente nacional do PSD, para um jantar com o presidente da Petrobras, Pedro Parente. Foi então chamado por Alckmin para uma conversa no Palácio dos Bandeirantes.

O governador de Goiás disse que consultaria o seu grupo de apoio, mas que seria natural apoiar o pleito do governador paulista. “Seria incoerente da minha parte, seria ilógico se, depois de pregar a unidade o tempo inteiro, não tivesse disposição de colaborar na busca do consenso”, disse Perillo. De olho nas eleições, Alckmin quer chegar a 2018 com um partido unido, mas teme que a decisão dos candidatos em seu favor resulte em unidade apenas “da boca para fora”.

O PSDB está rachado diante das divergências em torno do apoio do partido ao governo Michel Temer e às medidas defendidas por ele.

A ala liderada por Tasso adota uma postura contundente de críticas ao governo e propõe que o partido faça um discurso de “mea culpa”, criticando a prática de troca de cargos por apoio político. Já a candidatura de Perillo havia sido costurada com o apoio do senador Aécio Neves (MG), licenciado da presidência do PSDB desde que se tornou alvo da delação da JBS, em maio deste ano.

Alckmin já vislumbra alianças com outras legendas, buscando fortalecer sua possível candidatura. Ao saber da costura de um acordo, Aécio comentou a “saída Alckmin” defendendo que o tucano se aproxime de outras legendas com foco na disputa presidencial de 2018.

“Apesar do indiscutível mérito das duas candidaturas colocadas, se o governador Geraldo Alckmin se dispuser a cumprir esse papel, o PSDB estará em ótimas mãos”, afirmou em nota.

“Caberá ao futuro presidente do partido ampliar a interlocução com outras correntes políticas com as quais temos proximidade ideológica, o que é essencial para que o PSDB possa liderar uma grande coalizão de centro para vencer as eleições do ano que vem”.

A convenção do PSDB está marcada para 9 de dezembro.

Na data será selado o comando do partido pelos próximos dois anos, incluindo o período eleitoral. O presidente interino do PSDB, Alberto Goldman, lembrou, porém, que na convenção do partido, outros nomes poderão postular a presidência do partido. “Nada faz crer que haverá, mas nada impede. O diretório é soberano”, afirmou.

“Dessa reunião, sai um acordo, não sai o presidente”.

Autodeclarado pré-candidato tucano à Presidência, o prefeito de Manaus, Arthur Virgílio, chamou de “manobras da cúpula” as negociações que abriram caminho para que Alckmin assuma o comando do PSDB.

“O partido está ficando viciado em perder em segundo lugar no segundo turno. Agora, parece que está querendo perder e não ir pro segundo turno”, disse.

Virgílio tem defendido a tese que o partido não deveria ser liderado por pré-candidatos e quer a realização de prévias.

Unidade

Por sua vez, o deputado federal Raimundo Gomes de Matos (CE) afirmou ontem que o senador Tasso Jereissati abdicou da candidatura à presidência do PSDB no intuito de manter a unidade no partido.

“O senador Tasso poderia ser eleito pela maioria na convenção, mas por conta dos dissidentes e de possíveis reflexos nas eleições, acredito que ele declinou pela unidade do PSDB”, explicou o tucano. O parlamentar disse que está confiante na renovação do partido e espera que Geraldo Alckmin acolha as propostas apresentadas pelo Tasso no lançamento da candidatura como reestruturação do estatuto e das composições administrativas. “Temos premência em apresentar um projeto em nível nacional”, disse.

Colaborou Carolina Curvello

Fonte: Diário do Nordeste