Brasil

Temer reúne Maia e aliados para discutir pleito de 2018

Brasília. O presidente Michel Temer decidiu articular pessoalmente a formação de um bloco para disputar as eleições de 2018 e reuniu ontem alguns dos presidentes de partidos do “Centrão” para discutir o cenário político e a possibilidade de ter um candidato apoiado pelo governo na disputa de 2018.

Temer falou da necessidade de siglas como DEM, PSD, PP, PR, PRB e PTB -todos com representantes presentes no almoço do Palácio da Alvorada- se organizarem e se fortalecerem como um bloco de centro-direita capaz de lançar ou apoiar um nome para tentar furar a polarização entre Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PSC), hoje líderes das pesquisas da corrida presidencial de 2018.

A ideia inicial de Temer é deixar de fora da aliança o PSDB do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin. O presidente da República está irritado com a postura pouco assertiva dos tucanos em relação à votação da Reforma da Previdência, por exemplo -o partido está dividido e até agora não se comprometeu a votar em peso a favor das mudanças nas regras de aposentadoria.

Havia uma expectativa de que Temer a Alckmin conversariam pessoalmente neste fim de semana, em evento no interior paulista, sobre o desembarque do PSDB do governo e um acordo de não agressão dos tucanos em relação à gestão peemedebista. Mas o diálogo não ocorreu.

“Se ontem foi uma conversa silenciosa, hoje foi um diálogo dos que conhecem a língua portuguesa”, disse o ministro Moreira Franco (Secretaria-Geral).

Assessores de Temer, porém, afirmam que o apoio a Alckmin em 2018 não está descartado, caso um candidato apoiado pelo governo não deslanche nas pesquisas até março.

O mais cotado para o posto hoje é o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, que tem cerca de 2% das intenções de voto (Datafolha).

Reformas

Conforme participantes do almoço, o presidente e seus aliados discutiram a necessidade desses partidos de centro, ao lado do PMDB, continuarem apoiando a agenda de reformas do governo.

A aposta do Planalto é de que os bons índices econômicos do primeiro trimestre podem fortalecer um candidato comprometido com a agenda de reformas econômicas. Participaram do almoço no Palácio do Alvorada o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e lideranças do PSD, PRB, PP, PTB e do PR.

O presidente quis saber sobre a expectativa de votação da reforma da Previdência. Para ele, a medida seria uma alavanca para esse bloco de centro que ele idealiza como capaz de liderar o processo eleitoral do ano que vem.

Na noite de ontem, Temer e Maia reuniram os líderes da base na residência oficial do presidente da Câmara para mapear os votos e fazer um apelo para que a votação ocorra ainda esse ano.

Mas o cenário é considerado pessimista mesmo pelos aliados mais próximos a Temer.

A equipe do presidente não deve ceder aos três pontos que o PSDB pediu que fossem incluídos no texto da nova Previdência. Segundo integrantes do governo, caso os pontos defendidos pelos tucanos fossem acatados, a economia com a reforma poderia cair em mais de R$ 100 bilhões.

Protestos

Um pequeno grupo de manifestantes protestou na entrada de residências oficiais dos ministros e onde fica também a casa do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ). Representantes da Federação de Sindicatos de Trabalhadores em Educação das Universidades Brasileiras ironizaram a reunião e tomaram sopa em contraponto ao “banquete” dos políticos.

Os manifestantes exibiram faixa com o seguinte dizer: “Se votar pela reforma da Previdência não volta”, numa ao risco de quem votar pela reforma não conseguir ser reeleito nas próximas eleições.

Estagnação

Pela primeira vez desde o início do governo Temer uma pesquisa do Datafolha não registrou o aumento da rejeição ao presidente.

Mas aumentou a percepção de um governo pior do que o da ex-presidente Dilma Rousseff.

Os dados mostram que 71% dos brasileiros classificam a gestão do peemedebista como ruim ou péssima, o que representa uma variação dentro da margem de erro de dois pontos percentuais da avaliação, ante os 73% registrados na pesquisa divulgada em outubro pelo instituto, que o puseram como o presidente mais rejeitado da História desde a ditadura.

Fonte: Diário do Nordeste