Indefinições atrasam grupo de saída do PR
O grupo político composto por dissidentes do Partido da República (PR) no Ceará ainda não conseguiu se estabelecer em uma nova legenda, por dificuldades em ingressar em uma outra agremiação. No entanto, lideranças estipulam como meta o fim da próxima semana para tomarem uma posição quanto ao futuro político do grupo, uma vez que o prazo da chamada janela partidária já está em andamento desde a última quarta-feira.
Encabeçado por Roberto Pessoa, Capitão Wagner e Fernanda Pessoa, o grupo, desde que perdeu o partido para a deputada Gorete Pereira, que faz parte da base governista do governador Camilo Santana (PT), já conversou com algumas legendas, sem sucesso. Há a possibilidade de todos ingressarem juntos em um novo partido, mas também existe o desejo de que eles possam comandar até duas siglas e, desta forma, aumentar o alcance da oposição no Estado.
Capitão Wagner, por exemplo, esteve dialogando com o presidente nacional do DEM, o prefeito de Salvador, Antônio Carlos Magalhães Neto, o ACM Neto. Segundo informou ao Diário do Nordeste, houve sinalização para que ele ingressasse na legenda, mas o deputado afirmou que não se sentiria bem ao ingressar em um partido dividido, uma vez que a maior parte da liderança do DEM no Ceará faz parte da base governista.
O presidente estadual do partido, Chiquinho Feitosa, é um dos principais aliados do governador Camilo Santana, ao lado de Moroni Torgan, atual vice-prefeito de Fortaleza. Como tem interesse em se candidatar ao Governo do Estado, Capitão Wagner vê empecilho na atual composição.
Candidatura à Câmara
O PROS já deu carta branca para que o parlamentar ingresse em seus quadros, porém, segundo Capitão Wagner, a executiva nacional da sigla tem interesse na entrada do deputado caso ele seja candidato a deputado federal, cargo pelo qual, a priori, ele não demonstra interesse.
Além de Roberto Pessoa, Fernanda Pessoa e Capitão Wagner, o deputado estadual Roberto Mesquita e o vereador Soldado Noélio, bem como o prefeito de Maracanaú, Firmo Camurça, estão entre os nomes que poderão seguir para nova legenda.
Segundo Mesquita, já passados dois dias da abertura da janela partidária, os membros do grupo ainda têm dúvidas sobre o partido ao qual devem se filiar.
“Estamos seguindo o Capitão Wagner, que está procurando um partido que possa garantir as mínimas condições de competitividade, com tempo de televisão e apoio de quadros para poder levar suas propostas ao Estado”, afirmou o parlamentar. Para Mesquita, porém, “ele (Camilo) não quer um contraponto”.
A deputada Fernanda Pessoa afirmou que, apesar das dificuldades, até o próximo dia 16 o grupo terá uma resposta sobre o partido no qual deve ingressar para disputar o pleito de outubro. Apesar de pontuar bem nas pesquisas internas, Capitão Wagner está sozinho, sem o apoio das principais lideranças da oposição, conforme informações dos membros da bancada.
Além do parlamentar, outros do grupo querem comandar mais legendas no Estado, o que dificultaria uma tentativa de liderança de Wagner. “Ainda não temos respostas, mas queremos ver isso o mais rápido possível, porque precisamos organizar o partido e isso demanda tempo”, afirmou. Segundo ele, existem seis partidos que querem a filiação do grupo, mas eles só irão se filiar àquele em que poderão lançar um nome da oposição sem divergências internas.
Receio
“O PR me quer, mas para eu ser deputado federal. Eu não quero, queria ir para governador. Não existe possibilidade de ficar no PR”, disparou. Capitão Wagner, inclusive, tem reclamado da situação a correligionários, visto que pode acabar tendo força política esvaziada. O momento, de acordo com membros do grupo, não é o mais propício para o parlamentar.
No PROS, o destino seria como candidato a deputado federal, diante do receio que a sigla tem de perder a legenda caso se coloque como pretenso candidato a governador, e não se eleja. Enquanto isso, Roberto Pessoa segue sua sina em busca de um amparo, mas também está sem lugar certo para onde ir.
A esperança do grupo é que consiga avançar em diálogo com o DEM, que já foi PFL no passado. Aliados de Capitão Wagner avaliam que seu destino, no cenário que está sendo colocado atualmente, é se candidatar a deputado federal neste ano.
Diário do Nordeste