Brasil

Abertura da Universíade de Taipei tem espetáculo visual e protesto

A 29ª edição da Universíade de Verão teve uma cerimônia de abertura marcada pelo calor do clima e dos torcedores que lotaram hoje (19) o Estádio Municipal de Taipei,  mas também por protestos que chegaram a bloquear a passagem de delegações que se dirigiam ao desfile. A festa que dá início à competição internacional do esporte universitário contou com fogos de artifício e um espetáculo visual de projeções e luzes, além de coreografias e atrações musicais de diversos ritmos.

A festa começou às 19h do horário de Taipei (8h no horário de Brasília). Após a abertura, a maior parte das competições terá início amanhã (20) e vão até o dia 30, reunindo milhares de atletas de mais de 100 países.

A delegação anfitriã foi apresentada como Taipei Chinesa, seguindo a nomenclatura usada pelos atletas da Ilha de Taiwan em competições olímpicas em que a China também participa. No hasteamento da bandeira dos donos da casa, foi erguida também a de Taipei Chinesa, apesar de parte dos espectadores ter levado para o estádio a bandeira de Taiwan.

O governo local reivindica independência e o nome de República da China, mas é considerado por Pequim como parte de seu território. Ao declarar abertos os jogos, entretanto, o chefe do Comitê Executivo da Universíade, Ko Wen Je, se referiu a Taiwan, assim como a presidente da ilha, Tsai Ing-wen, que declarou em inglês: “Bem-vindos a Taiwan”.

A delegação da China não participou da parada dos atletas e apenas competidores de esportes individuais devem disputar a Universíade.

Protesto

Durante a cerimônia, quando as delegações já estavam preparadas para a entrada no estádio, manifestantes com a bandeira de Taiwan e faixas com ideogramas invadiram uma área isolada e foram contidos pelos seguranças. Segundo a imprensa local, o protesto era contra a proposta de reforma da previdência na ilha asiática.

O embate chegou a bloquear a passagem das delegações pouco depois da passagem do Brasil, causando um buraco na parada dos atletas. Minutos depois, o desfile prosseguiu apenas com as bandeiras, mas sem as delegações que desfilariam a partir do Canadá, em ordem alfabética. Esses atletas só entraram no estádio após a passagem da última bandeira, do Zimbábue, e foram calorosamente recebidos.

Ao discursar, o presidente da Federação Internacional do Esporte Universitário (Fisu em inglês), Oleg Matysin, comentou o incidente: “Desculpem pelo atraso, mas, às vezes, as melhores coisas valem a espera”, disse ele. “Ninguém pode parar nossos estudantes, ninguém pode parar nossa unidade e amizade”.

Pira

O ponto alto da cerimônia foi o momento em que o atleta do beisebol Chen Chin-Feng encenou o rebatimento de uma bola de fogo com a qual acendeu a tocha dos jogos universitários. Chin-Feng foi o primeiro atleta local a disputar a Major League dos Estados Unidos e foi muito aplaudido ao fazer a tacada. Carregada por um cabo, a bola de fogo voou até a pira, que se acendeu e deu início a uma grande queima de fogos.

Assim como a pira dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos do Rio de Janeiro, a de Taipei foi projetada para iniciar um movimento cíclico com a chegada do fogo. A chama que acendeu a pira no Estádio Municipal de Taipei veio de Turim, na Itália, cidade que sediou a primeira Universíade, em 1959. Assim como no movimento olímpico, a tocha que simboliza o espírito esportivo foi carregada em um revezamento que chegou a Taipei depois de passar por cidades europeias e asiáticas. A metrópole foi escolhida para sediar os jogos em novembro de 2011.

Ao longo da cerimônia, foram exaltadas as belezas naturais, a formação cultural e a culinária taiwanesa. Com projeção de imagens no chão, a cerimônia contou a formação vulcânica da Ilha Formosa, resgatou o passado de povos tradicionais que habitaram o território e usou fogos de artifício para levantar a plateia. A indústria e a tecnologia também foram temas enaltecidos, e dançarinos içados por cabos voaram em diversos momentos da apresentação.

*O repórter viajou a convite da Confederação Brasileira do Desporto Universitário

Edição: Amanda Cieglinski