Brasil

Aeronáutica descarta falha técnica em acidente de Teori

A investigação da Aeronáutica sobre a queda do avião que matou o ministro do STF Teori Zavascki em janeiro de 2017 concluiu que um dos “fatores contribuintes” para o acidente foi uma desorientação espacial do piloto Osmar Rodrigues, 56, que também morreu no acidente. Os dados sugerem, segundo a Aeronáutica, que, viajando sob chuva e depois de arremeter duas vezes para pouso na pista de Paraty (RJ), o piloto se confundiu sobre a verdadeira altitude do avião e acabou batendo na água.

“As condições de voo enfrentadas pelo piloto favoreceram a ocorrência da ilusão vestibular [um dos sistema de orientação humana, na região do ouvido] por excesso de [aceleração da gravidade] ‘G’ e da ilusão visual de terreno homogêneo”, diz o relatório.

“O piloto, muito provavelmente, teve uma desorientação espacial que acarretou a perda de controle da aeronave”, diz o relatório da Aeronáutica.
“As condições de baixa visibilidade e de curva à baixa altura sobre a água sugerem que o piloto tenha experimentado os efeitos da ilusão vestibular [na região do ouvido] por excesso de [força gravitacional] G e da ilusão visual do terreno homogêneo, tendo por consequência vivenciado uma desorientação espacial.
Os resultados da investigação, que durou um ano, foram divulgados na segunda-feira (22) em entrevista coletiva no Cenipa (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos) em Brasília, pelo chefe do Cenipa, brigadeiro do ar Frederico Alberto Marcondes Felipe, e pelo investigador encarregado, coronel-aviador Marcelo Moreno.

A investigação também apontou que as condições de visibilidade na baía de Paraty (RJ) estavam “muito abaixo da requerida” nas regras de tráfego aéreo para aquela região. A apuração da Aeronáutica, assim como o inquérito em andamento na Polícia Federal, não encontrou sinais de sabotagem no voo. O piloto, Osmar Rodrigues, 56, trabalhava com voo visual na hora do pouso pois não há torre de controle em Paraty. O piloto tinha 7.464 horas de voo. No modelo acidentado, quase 3.000 horas de voo.

A Aeronáutica informou que, por força de lei, não divulgará declarações tomadas na investigação, “comunicações entre as tripulações envolvidas”, informações de caráter médico ou pessoal, gravações das conversas do piloto e suas transcrições, entre outros itens.
A investigação militar não aponta “culpados” nem com “causas”, mas sim os principais fatores que contribuíram para a queda do avião. O objetivo maior é prevenir futuros acidentes. S

A queda do avião turboélice King Air, prefixo PR-SOM, no mar perto do aeroporto de Paraty (RJ) completou um ano na sexta-feira passada (19). Na época do acidente, Zavascki era o relator, no Supremo Tribunal Federal, dos casos derivados da Operação Lava Jato. A morte violenta do ministro deu origem a dúvidas de familiares e teorias conspiratórias. Além de Zavascki, que viajava de férias, e do piloto morreram o proprietário do hotel Emiliano de São Paulo e dono do avião, Carlos Alberto Fernandes Filgueiras, 69, a massoterapeuta Maíra Panas, 23, e sua mãe, Maria Hilda Panas Helatczuk, 55.

O Estado