Ceará

CE reduz projeção, e PIB deve subir 2,6% em 2018

Impulsionada por bons resultados na agropecuária e no setor de serviços, a atividade econômica do Ceará no primeiro trimestre apresentou crescimento de 1,55% ante igual período do ano anterior. Apesar do número positivo, a expectativa para o Produto Interno Bruto (PIB) de 2018, antes fixada em crescimento de 3,5%, foi revisada para um avanço um pouco mais tímido, de 2,6%, dado que decorre de um cenário político ainda incerto, da pressão da moeda norte-americana sobre o real e de uma taxa básica de juros (Selic) que, embora baixa – em 6,5% ao ano -, não deve sofrer novos cortes nos próximos meses.

O analista de políticas públicas do Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (Ipece), Nicolino Trompieri, explica que alguns eventos afetam a expectativa para a atividade econômica do ano. Na revisão do PIB do Ceará de 2018, são levados em consideração os dados concretos do primeiro trimestre, além do sentimento dos setores para os próximos meses. “Dados os eventos recentes da greve dos caminhoneiros, que afetou a produção e afetou o setor de transportes de forma mais direta e outras atividades indiretamente, houve queda na projeção para o PIB do Brasil e consequentemente isso ‘entra na conta dos estados’, um deles é o Ceará”, detalha o analista do Ipece.

Ele destaca, entretanto, que a projeção de 2,6% ainda representa um resultado bastante positivo. “Mesmo com essa redução, a gente prevê um resultado acima do País por conta da atividade turística, que aqui no Ceará foi beneficiada com o hub, que movimenta o setor de serviços”, detalha Trompieri. Atualmente, a previsão do governo é que a atividade do País cresça 2,5%

Além desses fatores que contribuem com a revisão do PIB para baixo, a taxa básica de juros, a Selic, que sofreu vários cortes no ano passado, deve ficar estagnada em 6,5% e pode afetar o consumo das famílias. “A taxa básica de juros é outra questão de mudança de expectativas, mas a sua redução até o momento já contribuiu bastante para a retomada do consumo das famílias”, avalia o analista.

Agropecuária

A revisão da expectativa para o PIB do Ceará para este ano foi divulgada nessa quarta-feira (13) pelo Ipece, durante a apresentação dos números da atividade no primeiro trimestre deste ano. O dado – melhor para o primeiro trimestre do ano desde 2014, considerando a comparação com igual período do ano anterior – recebeu forte contribuição da Agropecuária, cuja atividade expandiu 23,82% nos primeiros três meses do ano em relação a igual período de 2017, variação que vai na contramão da queda de 2,6% observada no setor no PIB trimestral do País.

A assessora técnica do Ipece, Ana Cristina Lima Maia, destaca que as chuvas contribuíram fortemente para o desempenho melhor da agricultura neste primeiro trimestre, impulsionando a Agropecuária. Ela também ressalta a importância de observar que os números levam em consideração uma base de comparação baixa, o que também ajuda a explicar a expansão do setor.

“Nós tivemos aí um aumento impulsionado pela produção de coco, que cresceu 32% e tem relação com a nossa pauta de exportação. Nós temos exportado muita água de coco. A produção de melão também cresceu 17% em decorrência, também, do mercado externo”, detalha a assessora técnica do Ipece.

“Entre os anos de 2012 e 2016, as chuvas ficaram bem abaixo da média; um desvio de aproximadamente 30%. Em 2017, já tivemos chuvas na média, o que ajudou a tornar a terra mais propícia à produção e esse primeiro trimestre foi considerado razoável para a produção”, diz Ana Cristina.

Serviços e indústria

Com peso de 76% no PIB cearense, o setor de serviços também contribuiu positivamente para a expansão do PIB trimestral, de acordo com o analista do Ipece, Alexsandre Cavalcante. Impulsionados pelo crescimento nos níveis de emprego, o que alavanca o consumo, os serviços avançaram 0,86% no primeiro trimestre deste ano ante igual período do ano anterior.

Além do reforço do comércio, Alexsandre destaca o segmento de alojamento e alimentação pelo impacto positivo dentro do PIB. “Essa alta está explicada, em parte, pelo crescimento das vendas no varejo e pela alta no segmento de alojamento e alimentação, que é muito influenciada pelo comportamento dos voos e das massas de salários”, diz, acrescentando que os desembarques domésticos e internacionais cresceram 4% e 16% no primeiro trimestre deste ano ante igual período do ano anterior, respectivamente.

A Indústria, que vinha crescendo nos últimos dois trimestres, apresentou desempenho negativo neste primeiro trimestre, com queda de 1,16% ante igual período do ano anterior. Entre os destaques positivos estão segmentos considerados não-tradicionais da atividade industrial cearense, de acordo com o analista de Políticas Públicas do Ipece, Witalo de Lima Paiva. “Foi algo peculiar porque são segmentos que têm uma participação menor na nossa produção, como bebidas, produtos de metal e produtos químicos”.

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Diário do Nordeste