Ceará apresenta elevada incidência em casos de câncer de próstata
Amplamente divulgado, sobretudo em campanhas como a Novembro Azul, o câncer de próstata é o segundo mais comum entre os homens no País, atrás apenas do câncer de pele não-melanoma. O Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva estima que, em 2016, 2.550 pessoas no Ceará tenham sido diagnosticadas com esse tipo de câncer. Mas esse não é o único que afeta exclusivamente o sexo masculino que tem preocupado. O Ceará é um dos principais estados do País em incidência de câncer de pênis.
A afirmação é do médico urologista Marcos Flávio Rocha, presidente da Sociedade Brasileira de Urologia – Seção Ceará (SBU-CE) e da comissão organizadora local do XXXVI Congresso Brasileiro de Urologia (CBU), que acontece até amanhã no Centro de Eventos do Ceará. Câncer de pênis e de próstata, bem como outras doenças urológicas e as inovações da Medicina no diagnóstico e tratamento, são tratados ao longo do evento, que começou no último sábado (26).
De acordo com Marcos Rocha, Ceará, Maranhão e São Paulo – pelo número de habitantes -, ressalva, são os três principais estados do País em câncer de pênis. Ele destaca que o fato está intimamente ligado à questão socioeconômica: “Nós temos uma das maiores estatísticas de câncer de pênis, apesar de ter diminuído neste ano após a realização de algumas campanhas.
Segundo o médico urologista, os principais sintomas de câncer de pênis são aparecimento de verrugas ou ferimentos que não cicatrizam. “Na verdade, diante de qualquer lesão, o homem deve procurar um médico. Na maioria das vezes, esses ferimentos não são nada graves. Podem ser uma manifestação fúngica ou algo do tipo, mas, entre esses casos, pode estar o câncer de pênis”.
Tabu
Ele aproveita para ressaltar que ainda há um tabu em torno da ida dos homens ao médico. “Aqui no Congresso, nós vamos discutir campanhas para falar com o homem sobre a importância desse tema. Ele ainda tem muita dificuldade de ir ao médico, diferentemente das mulheres, que desde muito novas são levadas ao ginecologista”.
O evento, neste ano, tem como foco abordar como a tecnologia vem auxiliando e deve auxiliar mais ainda nos próximos anos no tratamento de doenças urológicas. Nesse contexto, uma das temáticas discutidas é a cirurgia laparoscópica. Nesse procedimento, a incisão dá lugar a pequenos orifícios por onde são passados uma câmera e outros instrumentos para a realização da cirurgia. Ela pode ser classificada como convencional ou robótica, auxiliada por um robô que imita os movimentos executados pelo médico, que controla tudo com um console.
De acordo com o médico urologista assistente na Beneficência Portuguesa de São Paulo, Diego Capibaribe, esse procedimento diminui pela metade todas as complicações de uma cirurgia.
O especialista afirma que a cirúrgica laparoscópica é bem menos invasiva e vem sendo cada vez mais utilizada pela medicina no País. “Ela vem sendo usada no tratamento de vários tipos de câncer por ter menor sangramento, proporcionar alta mais precoce e por doer menos no pós-operatório. Tudo isso torna o processo mais confortável ao paciente”, explica.
“Nos últimos cinco anos, um grande número de robôs e plataformas laparoscópicas têm sido implementado no Brasil. Vêm surgindo também novos treinamentos de aprimoramento em cirurgia laparoscópica, e o paciente está mais informado, mais exigente sobre o que ele quer do seu cirurgião”, acrescenta Diego Capibaribe.
Fonte: Diário do Nordeste