Ceará deve se tornar polo de exportação de flores
Salvador. Líder no número de empresas (44) apoiadas pela Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex Brasil) e também no volume de recursos movimentados (US$ 581 milhões) no último ano, o Ceará deve ser alvo de um intenso trabalho para a promoção de exportação da produção de flores, segundo apontou o presidente da instituição, o embaixador Roberto Jaguaribe.
“Nesta área de promoção de exportação, o nosso foco no Ceará será em frutas e, agora principalmente, em flores, que ainda não tem ações adequadas, mas possui um potencial muito grande. Vejo o Ceará bem mais posicionado que os outros estados para progredir nessa linha”, afirmou Jaguaribe durante o 9º Encontro Nacional de Editores, Colunistas, Repórteres e Blogueiros (Enecob), que teve como tema “Exportação e atração de investimentos”.
A mudança no posicionamento da Apex, que deve passar a provocar setores produtivos e não só trabalhar em cima das demandas de determinadas empresas, deve beneficiar ainda mais o Estado, na avaliação do embaixador. Isso porque, a exemplo do setor de flores, que possui ações elaboradas em parceria com a Associação Brasileira dos Produtores Exportadores de Frutas, a Apex já contatou a Confederação da Agricultura e Pecuária na tentativa de montar uma agenda propositiva aos produtores de flores, com destaque para os cearenses.
Com um escritório instalado em Recife para mapear oportunidades de ações no Nordeste desde fevereiro, a Apex iniciou o mapeamento no Ceará há 15 dias, quando esteve em reuniões com o BNB e a Agência de Desenvolvimento do Ceará. “A viagem a Fortaleza foi a primeira que fizemos no Nordeste. Tivemos reuniões muito proveitosas. Acreditamos que o Ceará será um grande parceiro” afirmou Armando Peixoto, gerente do escritório da Apex Brasil Nordeste.
De acordo com ele, o BNB deve entrar como agente financiador, assim como o BNDES, o qual estará no Ceará no próximo mês durante o road show promovido pela Sudene, parceira da Apex nesta nova fase, que promete incitar os empresários a investir na exportação.
Foco em infraestrutura
Detentor de 44,5% do volume exportado no Nordeste dentre as empresas estimuladas pela Apex em 2016, o Ceará fica de fora da crescente produção de grãos no Nordeste – a qual deve ser encabeçada por Maranhão e Piauí, na opinião do presidente da Agência -, mas figura entre os possíveis grandes exportadores de frutas e flores, além de ter participação significativa em um outro nicho visado pela instituição: atração de investimentos estrangeiros com foco em projetos de infraestrutura.
Para Peixoto, o anúncio de um pacote de concessões pelo governo cearense é oportuno e comunga do mesmo objetivo da Apex, que reconhece “a carência de infraestrutura na Região e o grande interesse do chinês nos projetos”. A consideração de Peixoto se justifica porque, ao assumir este novo papel, implantado desde que a Apex passou a interagir com o governo pelo Ministério de Relações Exteriores e não mais com o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, a Agência tem na China o principal alvo de prospecção de parcerias.
Nesta perspectiva, Jaguaribe é considerado por seus pares como duplamente qualificado, uma vez que já foi diretor do departamento comercial do Itamaraty e, recentemente, deixou a embaixada brasileira na China para assumir a Apex. “Estamos muito mais focados nessa demanda central do Brasil, que é essa questão da infraestrutura. Estamos organizando junto com os outros órgão importantes, particularmente os ministérios responsáveis por grandes obras, grandes eventos no exterior direcionados a investidores”, afirmou, acrescentando: “nessa questão de atração de investimento, o Ceará tem muitas possibilidades que a gente tem capacidade de atender”.
A próxima ação efetiva de prospecção de negócios, inclusive, já conta com a participação do Porto do Pecém e da Secretaria de Desenvolvimento Econômico (SDE) do Ceará, segundo revelou o analista do escritório Nordeste, Sérgio Ferreira. Trata-se de uma viagem ao Oriente, que tem no roteiro passagens pelos portos de Cingapura, Xangai e Hong Kong, nos quais estarão Danilo Serpa, presidente da Cearáportos, e Cesar Ribeiro.
Conjuntura econômica
O abalo sentido pelo mercado financeiro também foi analisado pelo presidente da Apex, o qual reconheceu que “a questão política prejudicou” a economia e afirmou que “a recessão de 14/15 foi a pior da nossa história”, mas garantiu que indicadores apontam para a quebra de recordes para o superávit da balança comercial. O embaixador considerou a aprovação da Reforma Trabalhista e a sinalização da Reforma da Previdência como medidas que vão ajudar a economia.
“Existem muitas coisas que são potencialmente artificiosas. É preciso saber se o mercado é capaz de sustentar. E o Brasil foi especialista de buscar artificiosamente fazer valer certas opções de investimento que não tinham fundamento de mercado tão evidente”, observou ao analisar a atual conjuntura econômica.
*O jornalista viajou a convite do Enecob
Fonte: Diário do Nordeste