Ceará

Ceará é o segundo do Nordeste em óbitos por câncer

Uma doença microscópica, mas com consequências avassaladoras. Em todo o Ceará, o câncer vitimou 7.870 pessoas em 2014, 8.397 em 2015 e, segundo dados preliminares do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), do Ministério da Saúde, 8.723 em 2016 – crescimentos de 6,7% e 3,9%, respectivamente. Ainda em 2016, foram registrados 2.795 óbitos em Fortaleza, 275 em Juazeiro do Norte, 267 em Caucaia, 227 em Maracanaú e 178 em Sobral. O Ceará é o segundo Estado da Região Nordeste em número de óbitos por câncer, ficando atrás da Bahia.

Divulgada na última terça-feira (17), uma análise do Observatório de Oncologia do movimento Todos Juntos Contra o Câncer (TJCC), em parceria com o Conselho Federal de Medicina (CFM), examina que a doença é a principal causa de morte em 516 municípios brasileiros, onde houve 9.865 mortes registradas em 2015. No Ceará, quatro cidades têm esse alerta: Groaíras, Itaiçaba, Tarrafas e Senador Sá. Nelas, ocorreram 57 mortes, sendo 28 de homens e 29 de mulheres.

Segundo o Observatório, a doença avança a cada ano e, com a manutenção dessa trajetória, em pouco mais de uma década, as neoplasias serão as responsáveis pela maioria dos óbitos no Brasil. Atualmente, elas só ficam atrás das complicações no aparelho circulatório, especialmente o Acidente Vascular Cerebral (AVC) e o infarto agudo do miocárdio, doenças associadas à má alimentação, ao consumo excessivo de álcool, ao tabagismo e ao sedentarismo.

Esses também são fatores de risco para o surgimento das neoplasias, aponta o presidente da Sociedade Brasileira de Patologia (SBP), Clóvis Klock. Segundo o especialista, as mulheres do Nordeste tendem a desenvolver, principalmente, câncer de mama, do colo do útero, de intestino e de pele. Já nos homens, preponderam o câncer de próstata, o de intestino e o de pulmão.

Conforme a Secretaria Estadual da Saúde (Sesa), entre as neoplasias do aparelho digestivo, um estilo de vida mais saudável poderia evitar, no Ceará, mais de mil novos casos de câncer de estômago, cólon e reto, esôfago e cavidade oral, que devem somar 3.220 novos casos neste ano, como estima o Instituto Nacional do Câncer (Inca). Ao todo, a entidade estima o surgimento de 22.750 novos casos de câncer no Ceará, em 2018, a maioria em mulheres.

Além dos cuidados pessoais com a saúde, Clóvis Klock frisa a necessidade do fortalecimento da rede especializada de atenção oncológica. “Existe uma dificuldade, nos últimos 10 anos, do acesso a alguns pacientes ao diagnóstico e ao tratamento. O sistema público de saúde tem passado por uma deterioração, e a gente necessita de valorização dos profissionais de saúde, de melhor aparelhamento dos hospitais e de acesso a um diagnóstico preciso e rápido”, afirma.

Nacional

Conforme o estudo nacional do Observatório de Oncologia, no ano de 2015, foram registradas 209.780 mortes por câncer em todo o Brasil. Metade se concentra nas faixas etárias de 60 a 69 anos (25%) e 70 a 79 anos (25%). Em seguida, a maior proporção aparece no grupo dos que tinham mais de 80 anos (20%). Crianças e adolescentes, grupo que compreende a faixa etária de zero a 19 anos, somaram 1,3% dos óbitos.

O câncer é responsável por 8,2 milhões de mortes por ano em todo o mundo, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). Aproximadamente 14 milhões de novos casos são registrados anualmente, e o organismo internacional calcula que essas notificações devam subir até 70% nos próximos 20 anos.

Diário do Nordeste