Chuvas 40% acima da média no Ceará
A probabilidade de chuvas para a estação chuvosa deste ano, no Ceará, é de 40% acima da média, 35% dentro da normalidade e 25% abaixo. O prognóstico foi divulgado, ontem, pela Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme) e é referente aos meses de fevereiro, março e abril. Comparado ao de 2017, o prognóstico é melhor. Mesmo com expectativas de um ano chuvoso, a preocupação é se os pequenos reservatórios irão encher.
De acordo com a previsão, as chuvas mais intensas devem se concentrar na Região Norte do Estado, e no Centro-Sul ficarem em torno da média normal. “É importante que a gente entenda que, mesmo sendo um ano chuvoso, todos esses reservatórios precisam encher, pois eles quem são realmente importantes para o abastecimento humano”, destacou o presidente da Funceme, Eduardo Sávio. Ainda conforme Eduardo, para o aporte é necessário que as chuvas sejam concentradas e de baixa intensidade, com isso é possível garantir maior escoamento superficial, pois o solo não tem capacidade de absorver.
A preocupação gira em torno do aporte das bacias de contribuição do Orós e Castanhão, que são os maiores reservatórios do Ceará. “Precisamos encher os pequenos e médios reservatórios para as águas chegarem nos grandes, então a gente tem possibilidade de um ou outro ter um aporte maior, mas reservatório como Orós, Castanhão, Banabuiú terem dificuldade maior de pegar aporte. No Castanhão chovendo, normalmente tem probabilidade de pegar mais água, mas temos essa dificuldade de pegar aporte, porque tem os menores”, explicou o secretário dos Recursos Hídricos, Francisco Teixeira. Conforme Teixeira, a situação atual dos reservatórios cearenses é crítica, estão em torno de 7% da capacidade.
La Niña fraca
Conforme aponta os estudos da Funceme, que observa as anomalias de Temperatura da Superfície do Mar (TSM) dos oceanos Pacíficos equatorial e Atlântico tropical no período de 20 de dezembro de 2017 a 10 de janeiro deste ano, o fenômeno La ninã perdeu forças. O fenômeno é responsável pela diminuição da temperatura das águas do Oceano Pacífico Tropical.
O estudo indica La niña de fraca intensidade, que se iniciou no trimestre de setembro-novembro de 2017. No oceano Atlântico tropical foram registradas condições gerais de temperatura da superfície do mar próximas da neutralidade, com algumas áreas um pouco mais aquecidas (até +1ºC) na bacia norte desse oceano e um pouco mais resfriada (até -1ºC) na bacia sul, configurando a existência de um dipolo do Atlântico tropical fracamente positivo e indicativo, para o período analisado, de uma condição não favorável ao posicionamento regular da Zona de Convergência.
“Nessas últimas três semanas, observamos o aquecimento do Atlântico Sul equatorial, isso é muito importante para gente, porque a Zona de Convergência procura as ondas mais quentes dos oceanos, basicamente os ventos alísios dos hemisférios sul e norte convergem para essa zona mais aquecida e trazem umidade para o continente. Se o aquecimento está mais ao norte, não vai trazer umidade para o continente, por isso não forma nuvens que vão precipitar sobre nosso Norte e Nordeste”.
“Nossa preocupação é porque o Atlântico sul equatorial tem uma área de resfriamento superficial muito intensa, nós precisamos de ventos fracos nessa região para permitir o aquecimento dessas águas. Hoje, temos o aquecimento dessas águas porque os ventos estão fracos e o Atlântico norte sofrendo processo de resfriamento, essa tendência é favorável para a gente nessas últimas três semanas”, disse o presidente da Funceme.
Economia de água
Durante a divulgação do prognóstico, o governador Camilo Santana descartou o racionamento de água. Segundo ele, racionar implicaria em uma série de transtornos para o Estado e a população. “Seria um problema muito grande no gerenciamento da rede, porque quando deixa de ter água numa parte da rede, tem problemas de pressão, pode estourar a rede e ter todo um prejuízo, podendo até perder mais água”, disse. Ainda conforme Camilo, outro ponto considerado foi o fato de a população ter que comprar reservatórios para guardar água em casa, o que poderia gerar o acúmulo de água parada e proliferação do mosquito aedes Aegypti.
Conforme analisou, a economia com o racionamento seria de 20 milhões de metros cúbicos, investindo em outras ações de contingência, o Estado está conseguindo economizar 300 milhões de metros cúbicos. As ações envolvem autorização da água do Maranguapinho, reuso da água da Companhia de Água ETA Gavião, perfurações de poços profundos em Fortaleza e Região metropolitana, corte de 75% da água consumida para irrigação e corte de 20% para a indústria, construção de 400 quilômetros de adutora, poços direcionados no Cumbuco, na Taíba e São Gonçalo. Ainda segundo o governador, para este ano está previsto a conclusão das obras do Rio São Francisco e do Cinturão das Águas.
Mesmo com o bom prognóstico para 2018, o governo quer continuar com a economia de água em casa. Para 2019, as expectativas ainda não são boas e o monitoramento do uso de água nas residências terá continuidade. A taxa de contingenciamento em Fortaleza e Região Metropolitana já garantiu uma redução de 18% do consumo, afirmou Camilo Santana. Em fevereiro, a Funceme divulgará um novo prognóstico para o trimestre de março, abril e maio.
O Estado