Chuvas irregulares afetam plantio de sequeiro no interior do Estado
As chuvas irregulares observadas nesta quadra chuvosa afetaram a lavoura de grãos – milho e feijão – nas regiões Sul e Centro-Sul do Estado. Os dados da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Ceará (Ematerce) são parciais, mas já apontam, nessas duas áreas, frustração de safra que varia entre 60% a 80% nos municípios do sertão do Cariri cearense.
O quadro é preocupante porque o Cariri e o Centro-Sul são as duas principais regiões produtoras de grãos do Estado. Para este ano, havia uma expectativa de colheita de 868 mil toneladas, mas a Ematerce já estima uma queda que varia entre 9% e 12%. Em 2018, o Ceará colheu 608 mil toneladas – sendo 457 mil toneladas de milho, 142 de feijão e nove toneladas de outros grãos.
A redução na colheita está diretamente ligada à área de plantio de sequeiro que sofreu uma redução em comparação com o ano anterior. Em 2018, foram cultivados 947 mil hectares de feijão e milho. Já neste ano a área caiu para 891 mil hectares. Sequeiro é a cultura que depende exclusivamente da água da chuva.
O presidente da Ematerce, Antônio Amorim, ressaltou que o balanço da produção de grãos no Ceará é parcial. “Temos de aguardar pelo menos até 15 de maio porque pode chover nas áreas em que as culturas estão em desenvolvimento, mas em outras já se verificaram perdas”, explicou. “Temos muitos elementos variáveis entre as regiões e até em um mesmo município”.
Na região do Cariri, uma das maiores áreas de cultivo de grãos do Estado, a produção terá queda variada entre 60% e 80%. No município de Jardim, a frustração de safra é ainda maior, chegando a 90%. Penaforte, Mauriti, Porteiras e Brejo Santo também registram perda em decorrência do atraso das chuvas. Na região Centro-Sul, os municípios de Acopiara, Cariús, Quixelô, Iguatu e Saboeiro também terão perdas elevadas: em torno de 70%. “Nessas áreas o quadro é triste”, frisou Amorim.
A frustração de safra nas duas regiões com mais peso produtivo afeta a economia regional, gerando queda de receita e descapitalização do pequeno produtor rural. “O setor agrícola em crise impacta nas economias das cidades. Esse é um quadro recorrente já há alguns anos”, pontuou Antônio Amorim. Em Cedro, foram cultivados, no ano passado, 2.010 hectares de milho e 813 de feijão. Neste ano, a área de plantio caiu pelo menos 10%, segundo estimativa do escritório local da Ematerce.
“Até o momento não temos perda no cultivo de feijão, mas de milho está em torno de 16%”, explicou André Souza, chefe do escritório local da Ematerce. “Há localidades com boa colheita de grãos, mas, no geral, o quadro é desfavorável”. O impacto na economia local mediante a queda prevista de safra de grãos apenas no município de Cedro é da ordem de R$ 3,219 milhões.
Já nas regiões em que a chuva ocorreu com mais frequência e intensidade, os agricultores terão boas colheitas. Nos municípios dos Inhamuns – Parambu, Quiterianópolis e Novo Oriente – a safra é considerada muito boa, excetuando Tauá.
A região do Sertão Central também aponta para uma colheita favorável na maioria dos municípios. Na região Norte, onde as chuvas têm sido intensas, o cultivo predominante naquela porção do Estado é de frutíferas e de mandioca.
“Nessa região planta-se pouco grão, mas não há perda de lavoura. Na fruticultura, é provável termos uma excelente safra de caju”, finalizou o presidente da Ematerce.
Diário do Nordeste