Crédito e emprego animam varejo do Ceará para fim do ano
O aporte de recursos para o comércio, a desaceleração da taxa de desemprego no Estado e a redução da inadimplência e do endividamento devem aquecer as vendas em 2018 no Ceará e fechar este ano com um crescimento de até 5% no setor. A projeção foi feita por Freitas Cordeiro, presidente da Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas do Ceará (FCDL).
“Nós acreditamos que dezembro deve encerrar o ano com um aumento de 5% em relação às vendas de 2017. Esse número é para a gente uma taxa muito boa”, acrescenta o empresário, que participou ontem (25), na sede da Câmara dos Dirigentes Lojistas de Fortaleza (CDL) da assinatura de contrato de linha de financiamento disponibilizada pelo Banco do Nordeste (BNB) de cerca de R$ 200 milhões para varejistas da Capital.
Os recursos vão financiar a formação de estoques de fim de ano e serão distribuídos em operações de crédito no âmbito do FNE Giro, destinados para aquisição de mercadorias, com taxas de juros a partir de 0,49% ao mês e prazo de pagamento de até 18 meses. “Todo recurso que vem para o varejo é como sangue na veia. A atividade comercial não se faz sem dinheiro. O que a gente pleiteia é um tratamento diferenciado para o associado da CDL tenha uma esteira de análise para ser mais rápida”, disse Cordeiro.
Sustentabilidade do setor
Segundo ele, o crédito do BNB somado ao equilíbrio das taxas de desemprego são fatores fundamentais para a sustentabilidade do setor no Ceará. “A construção civil deve empregar mais também e são fatores que a gente analisa e acredita que o ano vai dar para passar”, diz.
Para o presidente da CDL de Fortaleza, Assis Cavalcante, o varejo está fazendo a sua parte buscando contratar mão de obra e crédito para as compras de fim de ano. “Nós estamos negociando com os fornecedores preços melhores, estamos com esse financiamento do BNB com uma condição especial para fazermos empréstimos e aportar capital de giro e buscando parcerias com as indústrias e os distribuidores para recuperar as perdas que tivemos no primeiro semestre. Neste fim de ano teremos um crescimento nas vendas em Fortaleza, mas ainda não temos um número estimado”, avalia.
Ele afirma ainda que o setor está sempre vigilante no que diz respeito à inadimplência. “72% das pessoas que receberam os benefícios de décimo terceiro no meio do ano usaram o dinheiro para pagar os débitos. Em decorrência disso teremos famílias menos endividadas e por sua vez teremos mais vendas no varejo”.
Segundo Cavalcante, a qualquer momento, os lojistas podem fazer uso do crédito do BNB. “Mas o momento oportuno é exatamente agora porque nós temos que negociar com a indústria, fornecedores e distribuidores. Temos de receber essa mercadoria até meados de outubro para se preparar e precificar de tal forma que até 20 de novembro a gente ter essa mercadoria nas lojas”.
Entre os produtos mais vendidos na época de fim de ano estão roupas, calçados, perfumes, relógios, eletroeletrônicos e eletrodomésticos. “Esse acordo é voltado exatamente para o capital de giro para que o nosso comerciante tenha esse recurso para repor estoque e movimentar o seu comércio agora no fim de ano. É uma forma também de aquecer a economia. Basta o cliente ter cadastro no banco e um limite de crédito aprovado. Esse limite vai ser utilizado para a gente fazer esse financiamento. É um recurso de prateleira e o BNB tem essa linha de crédito disponibilizada durante todo o ano”, explica o superintendente estadual do BNB, Jorge Bagdêve.
Capital de giro
O capital de giro ofertado pelo BNB às empresas, principalmente comerciais, é importante porque oferece condições diferenciadas aos empresários, avalia o economista e superintendente de Microfinanças e Agricultura Familiar do BNB, Alex Araújo. “(O FNE Giro) é importante porque permite que o empresário faça o endividamento com as taxas do Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste (FNE), atualmente abaixo da taxa básica de juros (Selic). Para o empresário é uma oportunidade muito interessante para financiar seu capital de giro”.
Uma necessidade ainda mais acentuada nestes últimos quatro meses do ano, incluídos no chamado B-R-O Bró, quando os comerciantes estão montando seus estoques para um período de maior aquecimento nas vendas. “Essa linha de crédito é uma medida que, sem dúvida nenhuma, ajuda a estimular a atividade econômica porque é a partir dessa expectativa do consumidor e empresário que toda a economia se move. Seja pelas encomendas feitas, pelas contratações temporárias, é importante que seja construído esse ambiente de confiança para alicerçar a retomada da economia”, avalia.
Balanço
Conforme o BNB, até o último dia 24 de setembro, foram contratados R$ 448,6 milhões de capital de giro no Ceará, sendo R$ 162,6 milhões destinados às micro e pequenas empresas. Do valor global do ano, R$ 291,5 milhões foram direcionados para comércio. Em 2017, somente no Ceará, o BNB contratou R$ 821,8 milhões em capital de giro. Destes, R$ 283,7 milhões foram destinados às micro e pequenas empresas. Do total dos valores (R$ 821,8 milhões), R$ 483,3 milhões foram para o setor do comércio. De acordo com o Banco, os meses de setembro a dezembro são os de maior procura por capital de giro.
Vagas
O tomada de crédito pelo comércio da Capital deve aumentar a contratação no setor. De acordo com o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), em agosto no Ceará, o varejo teve saldo positivo de 1.056 vagas, enquanto que em 12 meses, o valor foi de 2.119 postos de trabalho com carteira assinada. A projeção é de um crescimento de 10% na oferta de vagas deste tipo no Estado, com 1.035 postos de trabalho previstos. A maior demanda por serviços e o aquecimento das vendas no comércio, tradicionalmente comuns à proximidade dos eventos sazonais de fim de ano, devem elevar a abertura destas oportunidades, aponta a Associação Brasileira do Trabalho Temporário (Asserttem).
O levantamento considera todos os segmentos econômicos. A estimativa é que de setembro a dezembro haja a oferta que corresponde à média de 258 vagas por mês no Estado. Já a parcela de endividados em Fortaleza atingiu 51,3% em setembro, menor patamar desde 2010.
Diário do Nordeste