Dodge insiste em reabertura de caso de vendas de decisões judiciais
Brasília. A procuradora-geral da República (PGR), Raquel Dodge, pediu novamente ao ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal (STF), que determine a realização de perícia, pela Polícia Federal, em conversas que indicam a suspeita de compra de decisões judiciais pelo grupo J&F, controlador da JBS.
O primeiro pedido foi negado por Lewandowski, por entender que tal medida só pode ser solicitada após uma análise prévia pela Procuradoria-Geral da República (PGR) que aponte indício da prática de crimes por alguém que tenha foro privilegiado.
Ele pondera ainda que uma eventual perícia prévia poderia ser requisitada diretamente pela PGR à PF, sem necessidade de decisão do Supremo.
O material que Dodge deseja ver analisado pela PF foi entregue ao Ministério Público por Pedro Bettim Jacobi, ex-marido da advogada Renata Gerusa Prado de Araújo.
Além de conversas entre os dois, há diálogos de Renata com o diretor jurídico do grupo, Francisco de Asis e Silva, que é delator, com a advogada As mensagens e gravações citam o ministro Gilmar Mendes, do STF, e os ministros do Superior Tribunal de Justiça (STJ) Napoleão Nunes Maia Filho, Mauro Campbell e João Otávio de Noronha.
Nenhum deles, porém, aparece em gravações ou trocando mensagens. O conteúdo foi revelado pela revista “Veja” em setembro passado.
Na visão do ministro Lewandowski, o pedido só deve ter andamento caso seja pedida a abertura de um inquérito com uma narrativa de qual conduta se deseja investigar.
Indícios
Dodge, por sua vez, argumenta que necessita de autorização judicial para que o material seja analisado. Observa ainda que, somente após essa análise, poderá decidir por pedidos de abertura de inquérito, caso fique comprovada a existência de indícios.
Caso o ministro autorize a abertura do inquérito, o caso deve tramitar no STJ. Procurado pela reportagem, o grupo J&F não se manifestou.
Fonte: Diário do Nordeste