Ceará

Economia do Ceará cresce 2%; acima da média do Nordeste

Em 2018, IBCR-CE acumula alta de 1,30%. Apesar dos números positivos, sentimento da população ainda é de cautela diante dos níveis de desemprego, endividamento e inflação mais elevada (Foto: Reprodução)
Em 16/06/2018 às 07:15

Após dois meses seguidos de crescimento na base de comparação mensal, a atividade econômica do Ceará medida pelo Índice de Atividade Econômica Regional do Ceará (IBCR-CE) caiu 0,36% em abril ante março, de acordo com os dados divulgados ontem (15) pelo Banco Central. Na comparação entre abril e igual período do ano anterior, entretanto, houve expansão de 2,08% da economia do Estado. Os números são dessazonalizados (ajustados para o período).

Com o resultado, no ano de 2018, o IBCR-CE acumula alta de 1,30%. Já nos últimos 12 meses frente aos 12 meses imediatamente anteriores, o crescimento da atividade chega a 1,45%. No trimestre encerrado em abril comparado ao trimestre imediatamente anterior, o IBCR-CE revela estabilidade ao variar 0,01%. O índice é considerado uma prévia do Produto Interno Bruto (PIB).

Apesar da interrupção nas altas observadas em fevereiro e março, o resultado para o Ceará novamente ficou acima da média para o Nordeste no trimestre, no ano, em 12 meses e na comparação com igual período do ano anterior. Em abril deste ano ante abril de 2017, o IBCR-NE retraiu 2,73%. No trimestre que compreende os meses de fevereiro, março e abril, o índice ficou em 1,39%. No ano, houve baixa de 0,70%, mas no acumulado em 12 meses, o dado segue em patamar positivo, com variação de 0,61%. Entre março e abril, o IBCR-NE teve leve avanço de 0,15%.

Na análise do economista e professor Allisson Martins, apesar da baixa entre os meses de março e abril na atividade econômica medida pelo IBCR-CE, a retomada da economia do estado do Ceará continua em andamento. “A retomada do nível de atividade econômica no Estado é percebida, também, pela trajetória da economia cearense nos últimos períodos, principalmente por registrar melhora no indicador anualizado, de forma consecutiva nos últimos 12 meses”, detalha Martins.

Ainda assim, Allisson Martins destaca que o sentimento da sociedade, em geral, “é de que a economia continua em estado letárgico”. Para ele, essa percepção pode ser explicada por uma depressão econômica que ainda não foi compensada pelos números positivos e por um desemprego ainda muito elevado.

“É a variável ´mais nítida´ para a população, pois afeta o orçamento das famílias, e por consequência, na capacidade de consumo, bem-estar e endividamento. Em razão da dinâmica econômica do Estado, o aquecimento do mercado de trabalho, sobretudo, em razão dos seus efeitos no comércio e no setor de serviços, é variável chave para a aceleração da economia de forma mais relevante”, arremata o economista Allisson Martins.

´Dicotomia´

O economista Alex Araújo frisa que os números e o sentimento da população em relação ao cenário atual não estão em consonância. “É o sentimento que grande parte da população têm, de estranheza, porque apesar de o conceito de PIB ser bem genérico, as pessoas não conseguem perceber esse evento no mercado de trabalho, que está muito ruim. Elas não conseguem ver isso na prática, porque, na prática, elas estão sofrendo com o desemprego, dificuldades para manter o orçamento, endividamento e inflação mais elevada em decorrência do aumento do combustível e da volatilidade do dólar”, explica.

Região

Alex Araújo acrescenta que o Ceará acaba se afastando um pouco do cenário percebido em relação a média do Nordeste. “Nós tivemos, aqui no Ceará, um inverno regular e resultados que estamos comparando com uma base muito ruim (de 2017). Além disso, a indústria se destaca por conta do funcionamento da Siderúrgica, então há essas questões que são específicas e que distanciam o Ceará do resto da Região”, diz.

Ele também lembra que o Ceará, ao lado de Bahia e Pernambuco, formam a tríade das principais unidades da Federação que compõem a Região. “Desses três estados, apenas o Ceará desponta com um resultado econômico melhor. A política econômica em Pernambuco e na Bahia foi um fator que prejudicou esses estados”, ressalta Araújo.

Fonte: Veja