Ex-vereador é condenado a 21 anos por morte da esposa
O ex-vereador Francisco das Chagas Filho, conhecido como ‘Alan Terceiro’, foi condenado a 21 anos de prisão, em regime fechado, pelo homicídio duplamente qualificado da ex-esposa, a pedagoga Andréia Aderaldo Jucá, no dia 13 de outubro de 2013. O julgamento ocorreu na 1ª Vara do Júri, no Fórum Clóvis Bevilaqua, e se prolongou durante todo o dia.
O advogado de ‘Alan Terceiro’, Lamartine Azevedo, chegou a defender a nulidade do julgamento, baseado em uma perícia médica (exames de insanidade e lesão corporal), que não teria sido realizada no réu. Entretanto, o pedido não foi acatado pela juíza Danielle Pontes, que deu prosseguimento ao interrogatório do acusado. Nenhuma testemunha foi arrolada para o júri.
Após conseguir o direito de responder no plenário sem algemas, o político sustentou uma tese de legítima defesa. Ele contou que se casou com a vítima porque ela estava grávida da primeira filha do casal. Foram 19 anos de relacionamento e três filhos. Entretanto, com o tempo, a mulher se tornou agressiva, segundo ‘Alan Terceiro’.
“Ela era uma ótima mãe, mas comigo era uma pessoa possessiva, ciumenta com meu passado. Eu não tinha amor pela vítima, tinha respeito. Ela não aceitava que eu pudesse ter contato com meus outros filhos (de outros relacionamentos). Por causa disso, aconteceram algumas divergências”, acrescentou.
Para o Ministério Público do Ceará (MPCE), representado pelo promotor Marcus Renan Palácio, o crime foi planejado. Após um desentendimento, o acusado desferiu 35 facadas na vítima, que morreu dentro de casa, no bairro Rodolfo Teófilo.
Dor
Familiares e amigos da vítima, representantes de movimentos sociais e estudantes de Direito lotaram o plenário, para acompanhar o julgamento. A comoção e a revolta se apresentavam na expressão dos ouvintes. Até ser interrogado, o réu evitou trocar olhares com o público e se manteve cabisbaixo.
A filha da vítima e do acusado, Thaís Jucá, esteve no julgamento. “O que esse assassino proporcionou na minha família é indescritível. É uma dor aberta no nosso coração, que nunca vai ter fim. O fato dele ser condenado não vai trazer minha mãe de volta. Estou aqui como filha da vítima. Quem está sendo julgado é um assassino, não é meu pai! Ele deixou de ser meu pai quando não pensou nos filhos e deu 35 facadas na minha mãe”.
A universitária contestou a versão do réu e disse que o ambiente em que a família vivia não era de paz. Segundo ela, a mãe era muito calma.
Diário do Nordeste