FHC critica Lula, Jair Bolsonaro e intervenção no Rio de Janeiro
São Paulo/Brasília. O ex-presidente da República Fernando Henrique Cardoso (PSDB-SP) disse, ontem, que foi pressionado diversas vezes durante seus oito anos de mandato a autorizar uma intervenção federal na segurança pública dos Estados, mas que resistiu à possibilidade justamente porque a medida impede a aprovação de emendas constitucionais.
Ao participar de um evento em São Paulo, o tucano não quis opinar sobre a necessidade de uma intervenção do tipo no Estado do Rio, mas disse que o enfrentamento do tema passa pelo combate à corrupção nas forças policiais e também por medidas que possam integrar as polícias.
Questionado sobre a decisão do governo Michel Temer de colocar um militar no comando do Ministério da Defesa, Cardoso afirmou que, no passado, a nomeação de um civil para a pasta era um ato simbólico, que mostrava qual poder prevalecia. Ele avaliou que é um expediente tradicional dos governos na América Latina recorrerem aos militares quando sentem que sua autoridade está vacilante. “Governos, sobretudo quando não são fortes, apelam para os militares, que têm estrutura com hierarquia”. Disse.
FHC também falou sobre Lula, que tenta reverter condenação em segunda instância e estar no pleito. O tucano repetiu que gostaria de ver o petista “derrotado” nas eleições.
“Não é saudável que um antigo presidente queira voltar a ser presidente”, disse. Ao comentar sobre outros pré-candidatos à Presidência da República, o tucano declarou que não sabe se o deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ) “tem pensamento” e que o ex-ministro Ciro Gomes (PDT) demonstra não ter rumo definido ao ter mudado constantemente de partido nos últimos anos.
“Bolsonaro simboliza o autoritarismo que cresce em função da violência. Ele aparece como força que quer ordem, mas não tem pensamento liberal, não sei se tem pensamento”, disse FHC. Ele afirmou duvidar que um candidato “reacionário” como Bolsonaro encontre quantidade de votos suficientes para ser eleito.
Reações
Já o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), rebateu a declaração de FHC. “Lamento que o presidente Fernando Henrique não tenha assumido para ele o tema da segurança pública. Talvez se em 95 o Brasil tivesse cuidado da segurança pública, a gente não estaria passando os problemas que a gente passa hoje e talvez a gente não tivesse 60 mil mortes por homicídio, por mortes”, declarou Maia. Ele disse que talvez FHC esteja com “um pouquinho de inveja da decisão correta” de Temer.
Diário do Nordeste