Governadores querem força-tarefa para combater migração do crime do Rio para o Nordeste
Em transmissão ao vivo no Facebook, direto do “Encontro de Governadores do Nordeste” em Teresina (PI), o governador do Ceará, Camilo Santana, afirmou que há a “preocupação com a intervenção do exército no Rio de Janeiro”, que causaria a “migração de criminoso para outras regiões do Brasil” – sendo o Nordeste um dos principais destinos – e, daí, a necessidade de um “termo de cooperação entre os Estados para uma força-tarefa nas divisas”.“Cada Estado vai destinar um contingente do seu efetivo, com estrutura adequada, para que a gente possa reunir os nove Estados e fortalecer nossas divisas. No Ceará, por exemplo, temos um batalhão de divisas para proteger principalmente em relação a assaltantes, criminosos, tráfico de drogas. Então, é um dos encaminhamentos que estamos tomando”, disse Camilo, lembrando que o Ceará faz divisa com Paraíba, Pernambuco, Piauí e Rio Grande do Norte.
A medida faz parte do conjunto de propostas imediatas e a curto prazo para enfrentamento da violência e criminalidade na região.
Integração das Polícias do Nordeste
No encontro, houve também o lançamento do Acordo de Cooperação entre os Estados, descrito em um documento direcionado ao ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, sob o título de “Acordo de Teresina”.
Nele, fica prevista também a integração dos setores de inteligência, tecnologia, operações e investigações dos Estados do Nordeste, compartilhando recursos e efetivos. Com aprovação em reunião de secretários de Segurança e Justiça, realizada nessa segunda-feira, 5, cada estado se compromete a destacar cinco equipes da Polícia Militar e duas equipes da Polícia Civil em cinco e duas viaturas, respectivamente.
Ficaria destacada uma zona de intervenção policial prioritária, em cada Estado, para a atuação de uma espécie de Força Regional, reunindo equipes policiais dos nove Estados. Ao todo, serão 40 equipes, em 40 viaturas da Polícia Militar, e 16 equipes em 16 viaturas, com 48 policiais civis, da Polícia Civil. “Serão 370 policiais empregados em cada operação”, disse o secretário de Segurança, Fábio Abreu.
Fundo Nacional de Segurança Pública
Conforme pontuou Camilo Santana, o fórum dos governadores reforça também a criação e votação do Fundo Nacional de Segurança Pública no Congresso Nacional – que seria financiado por recursos oriundos das loterias da Caixa Econômica Federal, valores arrecadados de prêmios não reclamados, além das quantias relativas ao IPI, ICMS provenientes do comércio de armas, munições, e tributação de jogos. “Sem recursos dificilmente vamos avançar nessa questão no Brasil”, disse Camilo.
O governador do Ceará enfatizou, também, a proposta de criação de um sistema de comunicação entre as polícias e os estados, para a “integração de informações”, com dados de “criminosos, facções, e também da inteligência do Nordeste, que hoje ultrapassou os limites dos Estados”.
DANIEL DUARTE
O Povo