Governo Bolsonaro cumpre promessas para público conservador
O Governo Bolsonaro intensificou, nesta semana, a aplicação de sua pauta de costumes (voltada à defesa da família tradicional e valores conservadores) às decisões que impactam a administração federal, provocando polêmica principalmente entre grupos de oposição.
Nos últimos dias, houve uma série de medidas e discursos dirigidos a cumprir compromissos de campanha com as bandeiras dos grupos de direita, parcela expressiva do eleitorado do presidente.
Bolsonaro (PSL) defendeu, ontem, por exemplo, descentralizar os investimentos para os cursos de Filosofia e Sociologia no País. Para o presidente, as áreas mais competitivas são aquelas ligadas à “medicina veterinária, engenharia e medicina”. Bolsonaro só disse apenas que os alunos já matriculados em filosofia e sociologia “não serão afetados”.
Segundo o presidente, a função do Governo “é respeitar o dinheiro do pagador de impostos, ensinando para os jovens a leitura, escrita e a fazer conta e depois um ofício que gere renda para a pessoa e bem-estar para a família, que melhore a sociedade em sua volta”, escreveu no Facebook.
Estatais
Além da ameaça de cortes de verbas para cursos de ciências humanas nas universidades federais, o Palácio do Planalto também enquadrou a estética usada nas campanhas publicitárias de estatais.
Agências de publicidade contratadas pelo Governo Federal foram informadas que, a partir de agora, todas as peças deverão ser submetidas ao escrutínio da Secretaria de Comunicação Social (Secom), comandada pelo ministro da Secretaria de Governo, general Santos Cruz. Esta semana, o Palácio do Planalto determinou que o Banco do Brasil retirasse de circulação uma campanha publicitária, cujo mote era a diversidade, por ter desagradado o presidente.
A peça publicitária que acabou derrubada pelo crivo do presidente é estrelada por atores e atrizes negros, outros tatuados, além de homens usando anéis e cabelos compridos. Os personagens escolhidos irritaram Bolsonaro, que teve acesso ao conteúdo do filmete quando ele já estava sendo veiculado há aproximadamente duas semanas. O diretor de Comunicação e Marketing do Banco do Brasil, Delano de Andrade, foi demitido na quarta.
Não é o primeiro veto a esse tipo de conteúdo. Em janeiro, o Ministério da Saúde suspendeu a divulgação de uma cartilha voltada para população de mulheres trans.
No Carnaval, a campanha de prevenção de doenças sexualmente transmissíveis, ao contrário do que ocorria em anos anteriores, não fazia nenhuma referência a público gay. Foram vetadas peças que mostravam casais do mesmo sexo. Em março, Bolsonaro anunciou que “mandaria recolher” uma caderneta para adolescentes, com dados sobre sexualidade. Para o presidente, a leitura para crianças de 8 ou 9 anos “não ficava bem”.
Minorias
Incentivos à visibilidade de grupos minorizados, como os LGBTIQ+, estão de fora das prioridades do Governo.
“Em novembro de 2009, eu comecei a tomar pancada do mundo todo quando eu acusei o Kit Gay. Comecei a assumir essa pauta conservadora. Essa imagem de homofóbico ficou lá fora. Isso não prejudica investimentos; o pessoal quando fala em dinheiro. O Brasil não pode ser um País do mundo gay, de turismo gay. Temos famílias”, disse Bolsonaro a um grupo de jornalistas, na última quinta-feira.
Diário do Nordeste