Brasil

Juros do mínimo do cartão caem a 223,8%

Os juros cobrados de quem paga a quantia mínima da fatura do cartão de crédito continuam em queda, após a implantação das novas regras para o cartão de crédito rotativo, que impedem que o cliente se mantenha por mais de 30 dias na modalidade. Esse consumidor pagou uma taxa média de 223,8% ao ano em julho, uma redução de 6,4 pontos percentuais na comparação com a média registrada em junho (230,2%). Os dados foram divulgados, ontem, pelo Banco Central.
“As taxas de juros do cartão rotativo regular sofreram efeito da medida que entrou em vigor em abril e permanecem em redução”, afirmou o chefe-adjunto do Departamento Econômico do BC, Fernando Rocha. Os juros de quem não pagou o percentual mínimo, por outro lado, subiram de uma média de 464,7% ao ano em junho para 504% em julho. Com esse resultado, os juros totais da categoria cartão de crédito tiveram alta no mês e passaram de 380,8% ao ano em junho para 399,1% em julho. No cheque especial, a taxa de juros cobrada pelos bancos caiu, em média, de 322,6% para 321,3% ao ano.

Taxa média
Mesmo com os seguidos cortes da Selic, a taxa de juros média cobrada pelos bancos de pessoa física e de empresas teve alta em julho: passou de 46,2% ao ano no mês anterior para 46,6%. A taxa média cobrada das pessoas físicas subiu de 63,4% ao ano para 63,8% no período, enquanto a taxa média para as empresas cresceu de 24,8% ao ano para 25,3%. Para o Banco Central, o comportamento da taxa de juros em julho representa uma interrupção temporária em relação à tendência de queda, já que, em junho, essa taxa havia apresentado queda. No mês passado, o BC anunciou um corte de um ponto percentual na Selic, que ficou em 9,25% ao ano, representando o menor nível dos últimos quatro anos.

A inadimplência, que é considerada quando o pagamento não é feito no prazo de 90 dias, manteve igual patamar registrado no mês anterior, de 5,6%. Mesmo assim, o spread (diferença entre o que os bancos pagam para captar recursos e o que cobram na ponta) nos financiamentos a consumidores e empresas subiu de 36,6 pontos percentuais para 37,6 pontos percentuais no mês passado. Na inadimplência da pessoa física, houve uma pequena queda, de 5,8% para 5,7%. Na pessoa jurídica, foi registrado um aumento de 5,3% para 5,5%.

Concessão de crédito e estoque voltam a cair

Depois de dar sinais de melhora em junho, o estoque de crédito e a concessão de empréstimos apresentaram queda em julho. Segundo o BC, a concessão de crédito caiu 12,6% em julho, na comparação com o mês de junho, levando em conta todas as categorias. Para pessoas físicas, a redução foi de 3,7%. Para empresas, a queda foi de 23,3% no mesmo período.
O chefe-adjunto do Departamento Econômico do Banco Central, Fernando Rocha, atribuiu o resultado a um comportamento sazonal. “Temos observado na série histórica de crédito que, em julho, há tendência de redução nas concessões. O que observamos neste mês está de acordo com tendência de redução nas concessões”, disse. Questionado sobre quais são as explicações sazonais, Rocha afirmou que, entre os motivos, está o fato de que, com férias em julho, as pessoas têm menos tempo para sacar recursos.
O saldo das operações de crédito caiu 0,6% em julho, para R$ 3,06 trilhões. Nesse caso, o comportamento foi diferente entre empresas e consumidores. “Na pessoa jurídica, há continuidade da redução; por outro lado, na pessoa física, os saldos estão em trajetória de crescimento”, afirmou Rocha. O estoque do crédito para pessoa física subiu 0,2% e o saldo dos empréstimos para pessoa jurídica caíram 1,4% em igual período.

Fonte: O Estado