Brasil

Lula diz que Moro se beneficiou politicamente de sua condenação

Preso em Curitiba há 8 meses para cumprir a pena de 12 anos e 1 mês de prisão a que foi condenado na Operação Lava Jato, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva concedeu uma entrevista por carta à BBC Brasil em que ataca o ex-juiz federal Sergio Moro, futuro ministro da Justiça e Segurança Pública do governo do presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL). Esta é a primeira entrevista do petista à imprensa desde que foi detido.

Em referência à sua condenação a 9 anos e 6 meses de prisão em primeira instância no caso do tríplex do Guarujá (SP) e à decisão do ex-magistrado de abandonar a carreira para assumir a pasta no governo Bolsonaro, Lula escreve que “Moro fez política, e não justiça, e agora se beneficia disso”.

“Fui condenado por ser o presidente de maior sucesso da República e o que mais fez pelos pobres”, afirma na carta-entrevista. “Moro sabia que se agisse de acordo com a lei, ele teria que me absolver e eu seria eleito presidente”, completa.

“Bolsonaro só venceu porque não concorreu contra mim”, avalia o ex-presidente, que liderou as pesquisas de intenção de voto ao Palácio do Planalto até ser barrado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) com base na Lei da Ficha Limpa.

Em janeiro de 2018, a pena imposta por Sergio Moro a Lula foi ampliada a 12 anos e 1 mês de prisão pelos três desembargadores federais da Oitava Turma do Tribunal Federal Regional da 4ª Região (TRF4), de segunda instância. Como o atual entendimento do Supremo Tribunal Federal (STF) permite que réus condenados em segundo grau sejam presos para cumprir pena, o ex-presidente foi detido em 7 de abril.

O petista diz, contudo, estar preso “sem motivo” e que os direitos dos brasileiros estão sob ameaça “se isso pode ser feito a um ex-presidente”.

Em mensagem à BBC BRasil, Sergio Moro afirma que Lula foi condenado por ser o “mentor do escândalo da Petrobras” e citou “cerca de 2 bilhões de reais pagos em propina utilizando contratos da Petrobras durante a presidência dele”.

Moro diz ainda que “sequer conhecia o presidente eleito em 2017, quando a sentença [de Lula] foi concluída” e que sua indicação ao Ministério da Justiça e Segurança Pública “não tem nada a ver com a condenação”. Em referência à confirmação, pelo TRF4, de que o petista é culpado no caso do tríplex, o ex-juiz-federal declara que a sentença “não é uma decisão de um homem”.

Fonte: Veja