Ceará

Número de óbitos por sífilis no Ceará é o maior em oito anos

Com uma taxa de 4,8 mortes por 100 mil nascidos vivos até outubro de 2017 (dados parciais), o número de óbitos por sífilis congênita, aquela em que a mãe transmite a doença para a criança durante a gestação, é a maior em oito anos no Estado. Ao todo, seis óbitos foram declarados no Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM) do Ministério da Saúde, este ano, de um total de 26 ocorridos desde 2010. Os dados são do boletim epidemiológico da Secretaria da Saúde do Estado (Sesa).

A taxa de incidência, que aparece em constante elevação desde 2010, atingiu seu pico no ano passado, quando 1.285 crianças menores de um ano foram notificadas com a doença, chegando a taxa de 10,2 casos a cada mil nascidos vivos. Em 2017, a taxa está em 6,7, com 847 crianças contaminadas. Chama atenção, no entanto, o fato da incidência da sífilis congênita ser superior a taxa de detecção da sífilis em gestantes desde o ano de 2010, o que o Ministério da Saúde classifica como um problema emergente de saúde pública. Em todo esse período, foram 6.075 casos notificados, sendo o ano de 2016 o de maior incidência, com 1.026 gestantes doentes, que representa uma taxa de 8,1 casos para cada 1 mil nascidos vivos.

Essa relação que não bate é, hoje, uma grande dúvida no quadro epidemiológico da doença, segundo ressalta a Assessora Técnica do Grupo de Trabalho das ISTS (Infecções Sexualmente Transmissíveis/ Aids e Hepatites Virais) da Sesa, Anuzia Lopes Saunders. “O esperado é que tenhamos um maior número de casos em gestantes do que em congênitos porque existe tratamento. O que a gente acredita é que essas gestantes estão iniciando mais tardiamente o pré-natal e assim fica difícil conseguir o tratamento em tempo hábil”.

Conforme preconiza o Ministério da Saúde, o teste de sífilis nas gestantes deve ser feito no primeiro trimestre de gestação, repetido no terceiro e no momento do parto, mas no Ceará, apenas uma média de 25% das mulheres notificadas com a doença entre 2010 e 2016 foram diagnosticadas nos primeiros três meses de gravidez. “Se for detectado no primeiro trimestre ela terá tempo hábil tanto para conseguir a cura como para impedir que evolua para a sífilis congênita”, esclarece Saunders. Já sobre a elevada taxa de mortalidade da sífilis congênita em 2017, a Assessora técnica da Sesa atribui a uma melhor qualidade da informação, que permite aumentar o número de notificações no SIM.

Adquirida

A sífilis adquirida, transmitida via sexual, também ascende o alerta pela alta incidência. Foram 170 casos notificados em 2010, chegando a 826 este ano, aumento de 385%. No ano passado, a taxa fechou em 15,9 casos por 100 mil habitantes, o maior pico nos últimos oito anos.

Para intensificar as ações de prevenção, diagnóstico e tratamento da sífilis no País, o Governo Federal garantiu, no início do mês, R$ 200 milhões no orçamento do Ministério da Saúde por emenda parlamentar. A estratégia, chamada de Resposta Rápida à Sífilis nas Redes de Atenção, foi pactuada na Comissão Intergestores Tripartite (CIT). Na agenda prioritária, estão os 100 municípios brasileiros que juntos concentram 60% dos casos, entre eles, Fortaleza, Maracanaú e Caucaia.

Fonte: Diário do Nordeste