Obstáculos elevam custos em até 20% em portos do CE
Um documento elaborado pela Câmara Setorial de Logística do Ceará (CSLog), e obtido com exclusividade pelo Sistema Verdes Mares, aponta diversos entraves nos Portos do Pecém, em São Gonçalo do Amarante, e do Mucuripe, em Fortaleza, que emperram os processos de exportação e de importação de mercadorias. Segundo especialistas, os custos dessas deficiências estruturais e de pessoal refletem diretamente nas receitas das empresas e, consequentemente, nos preços dos produtos para os consumidores. Cálculos indicam aumento de até 20% no custo para vender ao exterior a partir dos portos cearenses.
Segundo Studart, muitos navios que passam pelo Ceará precisam atracar em outros portos, como Suape (PE), Rio de Janeiro (RJ) e Santos (SP) porque não há expediente dos órgãos anuentes nos fins de semana no Pecém e no Mucuripe. “Os navios estão passando direto para outros portos porque não tem plantão sábado e domingo. Quanto é o prejuízo disso para a economia cearense? Depois essa carga vem via modal rodoviário. O prejuízo é incalculável. Muitas cargas vivas, como peixes, ficam confinadas em pequenos reservatórios aguardando o pessoal dos órgãos chegar na segunda-feira. Morre metade da carga”.
Uma outra queixa citada por Studart é a falta de uniformização dos processos. “Cada porto tem uma legislação própria. Eles têm esse problema porque envolve órgãos anuentes federais, então o chefe do escritório da Anvisa e Ministério da Agricultura, por exemplo, lá no Rio Grande do Norte, libera a carga sábado e domingo sem guia de embarque e desembarque. E aqui não, só com guia paga. É a maior burocracia”.
“Quando se depende de alguns órgãos, o exportador fica refém. Questão de prejuízo, ele pode perder o embarque e demorar em torno de uma semana para conseguir exportar. Isso gera armazenagem, no caso do contêiner. E nem todo mundo consegue se antecipar. Os custos adicionais de exportação podem variar de 10% a 20% a mais. Principalmente as frutas que são alimentos perecíveis que precisam de urgência. No caso da Anvisa, Receita e Mapa há uma defasagem de funcionários. E isso não é culpa diretamente dos órgãos”, diz Rômulo Holanda, especialista em gestão em comercio exterior e analista de exportação da Frota Aduaneira.
Diário do Nordeste