Ceará

População sofre após explosão de caixas e agências bancárias

Juazeiro do Norte. A explosão, na madrugada de ontem, de uma agência do Bradesco na cidade de Santa Quitéria, região Noroeste do Estado, foi o 11º ataque a banco somente neste ano. No último sábado (3), em Santana do Cariri, Cerca de 20 bandidos explodiram a unidade do Banco do Brasil, que ficou totalmente destruída. A situação da população que depende dos serviços se agravou, já que, anteriormente, as agências de Nova Olinda, Potengi e Assaré, todas no Cariri Oeste, também sofreram ataques e estão sem funcionar ou funcionando parcialmente, desde o ano passado.

O cenário se repete todo ano: homens fortemente armados, explosivos e até troca de tiros com policiais. Só em 2017, 65 ataques a bancos foram registrados no Ceará. Apesar de representar uma diminuição, já que, no ano anterior, foram 78, muitas agências não voltaram a funcionar ou têm indicativo de que isso possa acontecer. Os prédios se mantêm danificados e a população tem que se deslocar para as cidades vizinhas.

São os casos dos moradores Assaré, Nova Olinda e Potengi, que estavam se deslocando até Santana do Cariri, antes do ataque do último sábado. Algumas clientes já percorriam os cerca de 90 km da terra de Patativa até o Crato que atende a demanda. Agora, esta será uma das poucas opções junto com Campos Sales, para receber usuários dos quatro municípios afetados que, somados, somam uma população de cerca de 65 mil habitantes.

Em Assaré, o Banco do Brasil está desativado desde o último dia 11 de junho. No entanto, ele funciona parcialmente com alguns serviços burocráticos, mas sem realizar saques ou depósitos. Pela manhã, os funcionários entregam até 30 senhas para o atendimento da população por dia. A partir das 13 horas, o serviço é realizado. “Toda parte burocrática está funcionando”, conta uma funcionária.

A agência do Bradesco, na mesma cidade, funciona só até o meio dia, diminuindo muito os atendimentos. Além de Assaré, as populações de Antonina do Norte, Saboeiro, Salitre e Tarrafas foram afetadas pela ausência dos saques e depósitos. “A situação ficou complicada, tanto para a gente, como para os aposentados. O saque tem dois pontos improvisados, mas quando a demanda é grande muita gente se desloca”, explica a professora Francisca Valdelice Moura.

Já o empresário Normando Mota viu seu comércio ser afetado diretamente pela diminuição da circulação de moeda em Assaré. “A maioria do comércio depende hoje das aposentadorias. O aposentado tirava aqui e aqui mesmo o dinheiro circulava. Hoje, tem que viajar, a Crato, Juazeiro, Campos Sales para retirar. Por lá mesmo o dinheiro fica”.

No dia último dia 14 de novembro, representantes do Sindicato dos Bancários do Ceará se reuniram com o novo Superintendente do Banco do Brasil no Ceará, Amauri Aguiar, para debater sobre as agências explodidas e seu atual funcionamento. A entidade exigiu a reabertura imediata das unidades que estão sem atender ou atendem parcialmente. Em todo o Estado, 35 agências estão nessa condição.

Alvo de ações

De acordo com o Banco do Brasil, no Ceará foram mais de 70 ocorrências nos últimos dois anos em suas unidades. Para serem reativadas, as dependências afetadas passam por análise técnica e patrimonial “de ordens estratégica e econômico-financeira, para subsidiar decisão sobre a continuidade ou não do funcionamento”, disse em nota.

No Ceará, as análises dessas unidades resultaram no encerramento das agências de Saboeiro e Pedra Branca. As dependências que ainda não voltaram a funcionar e que tiverem suas manutenções aprovadas, o processo de recomposição está em andamento, com diferentes prazos, considerando as obras e intervenções. No entanto, a estatal não especificou em quais municípios terão esta recomposição.

Enquete

Qual o prejuízo causado?

“A gente tem que ir nas cidades vizinhas para buscar o benefício. Quem tem comércio vive mais em função da renda dos aposentados. Nas cidades menores, a gente sabe que a renda é muito pequena”

Francisco da Silva Oliveira
Aposentado

Primeiramente, temos que nos deslocar até a cidade vizinha para sacar ou fazer pagamentos. Em segundo lugar, o movimento do comércio caiu cerca de 80% por causa desses problemas causados pelas explosões”

Cristina Ferreira
Empresária

Diário do Nordeste