Protestos políticos que marcaram o Carnaval de 2018 voltaram à Sapucaí
Rio de Janeiro. Os protestos políticos que marcaram o Carnaval de 2018 voltaram à Sapucaí na noite do último sábado (17), no desfile das escolas campeãs, e se espalharam pelas arquibancadas. No entanto, uma ausência chamou a atenção: no desfile da Paraíso de Tuiuti, vice-campeã, o destaque que representava o presidente Michel Temer (MDB-SP) como vampiro desfilou sem a faixa presidencial.
A escola de São Cristóvão foi a grande surpresa deste Carnaval e provocou muitas discussões em redes sociais com um enredo que questionava até que ponto a escravidão foi, de fato, extinta, e trazia referências à reforma trabalhista do governo Temer, os manifestantes que foram às ruas clamar pelo impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT) e ao próprio Temer, retratado como vampiro.
Ao ser questionado sobre o motivo do desfalque na fantasia do personagem, o presidente da escola, Renato Thor, disse que não sabia. Pressionado, disse que a reportagem estava sendo inconveniente e que procurasse a assessoria de imprensa. A equipe de comunicação não se manifestou. O homem que representou Temer disse, no final do desfile, que havia perdido a faixa. Logo que desceu do carro alegórico, teve fantasia e maquiagem retirados às pressas e foi escoltado por membros da escola para fora da avenida.
Antes do início do desfile, Thor disse, ao microfone, que a escola é “apartidária”. O público aplaudiu a escola do início ao fim, aos gritos de “é campeã”.
Num desfile alegre, a Mangueira trouxe de volta para a avenida o prefeito Marcelo Crivella (PRB) vestido de Judas. Em carro alegórico que juntou representantes de todos os blocos de rua atuais do Rio, um integrante segurava um boneco embalado em saco plástico preto, simulando o Cristo coberto com os dizeres olhai por nós, o prefeito não sabe o que faz.
Três das seis que desfilaram tinham enredos críticos: Mangueira, Beija-Flor e Paraíso de Tuiuti. Nas arquibancadas, ao longo dos seis desfiles, cartazes e faixas com mensagens políticas.
Também houve manifestações entre componentes das escolas. Sem a obrigação cumprir o roteiro do desfile para os jurados, ergueram placas com críticas a Temer ao Prefeito do Rio, Marcelo Crivella (PRB), bispo licenciado da Igreja Universal e tido como “inimigo” do Carnaval devido aos cortes de verba.
Diário do Nordeste