Várzea Alegre

Situação financeira crítica do Hospital São Raimundo apresentada na Câmara de Vereadores

Representantes da direção do Hospital São Raimundo Nonato, deste município, estiveram na Câmara Municipal de Vereadores apresentando o Relatório Gerencial daquela unidade de Saúde no ano de 2017.

O hospital foi representado pelo médico Dr. Calyle Aquino Sátiro – diretor técnico, pelo coordenador do Sami, Cácio Pereira, pela diretora Dra. Evane Berenguer e pelo administrador financeiro, Ronaldo Mendes.

Cácio Pereira informou sobre os atendimentos apresentados ao Ministério da Saúde, citando que no setor ambulatorial chegaram a 111.321.

Destacando alguns desses atendimentos, ele falou que os técnicos de enfermagem realizaram 28.822 procedimentos, que as consultas médicas de pronto atendimentos somaram 34.657. Outro ponto destacado por Cácio é que foram servidas em 2017, 100.800 refeições, sendo cinco por dia alimentando pacientes e acompanhantes.

Como o hospital é uma unidade de saúde polo desde julho de 2014, pacientes de outros municípios são atendidos no São Raimundo, sendo que, no ano de 2014, esses pacientes representaram 5% dos atendimentos, em 2015 esses atendimentos passaram para 18%, em 2016, com a implantação total de quatro clínicas especializadas, esses atendimentos passaram para 25% e em 2017, os atendimentos a pacientes de outros municípios chegaram a 30%.

Cácio também passou os números de resolutividade dos atendimentos, considerados amplamente satisfatórios.

Financeiro

O problema do Hospital São Raimundo é mesmo crônico nas suas finanças. Segundo Ronaldo Mendes, em 2014, o saldo negativo do hospital foi de R$ 400.000,00, chegando a 2017 para algo em torno de R$ 600.000,00 negativos.

Os serviços pactuados com o Hospital São Raimundo, anualmente, também são inferiores aos de outras unidades de saúde da região. O Hospital São Lucas, de Juazeiro do Norte, tem pactuados R$ 5.203.492,22, o Hospital Regional de Icó, tem pactuado R$ 1.270.436,52, enquanto os recursos pactuados com o São Raimundo são da ordem de R$ 812.752,71.

As receitas do hospital andam em desacordo com as despesas e gerando mensalmente saldo negativo de R$ 48.125,35. De receita em 2017 entraram R$ 7.095.885,48 enquanto que a despesa é de  R$ 7.673.412,24.

Ronaldo Mendes disse que sua missão é reduzir despesas e aumentar receitas, mas que isso seja feito sem prejudicar a prestação de serviços à população.

Dr. Carlyle explicou que a situação poderia ser pior, mas a ajuda da comunidade e as parcerias com o repasse de emendas parlamentares e promessas de novas emendas ajudam.

Com relação às emendas parlamentares, há ainda a burocracia. Quando a emenda é disponibilizada ainda leva cerca de 5 meses de tramitação para que os recursos cheguem ao hospital.

Das emendas apresentadas, uma do senador Eunício Oliveira (MDB), de R$ 135.000,00 entrou em 2014 para a compra de equipamentos. Outra emenda já concretizada foi liberada pelo deputado estadual Dr. Sarto (PDT), ligado ao prefeito Zé Helder, no valor de R$ 200.000,00, já aplicada. Há mais uma promessa do deputado de outra emenda neste mesmo valor para este ano.

Outras emendas prometidas são de R$ 250.000,00, do deputado Odorico Monteiro, R$ 119.000,00, do deputado Moisés Brás (PT) e R$ 300,000,00 do deputado Zé Guimarães (PT), cobradas pelos vereadores petistas Michael Martins e Antônio Alcântara e R$ 230.000,00 do deputado Adail Carneiro, solicitação do vice-prefeito Dr. Fabrício Rolim e da vereadora Dra. Luciana Rolim (PV).

Da contribuição da população, que o médico Carlyle agradeceu, em uma conta aberta em favor do hospital para receber doações, a soma chegou a R$ 71.922,00. Uma corrida de rua promovida para arrecadar recursos, rendeu a soma de R$ 13.000,00. Com gêneros alimentícios foram arrecadados o equivalente a R$ 9.835,00, de material de limpeza R$ 19.000,00, sendo que dessas doações a receita foi R$ 114.000,00. Teve ainda uma doação do Cariri da Sorte, que segundo Dr. Carlyle, foi algo em torno de R$ 50.000,00 a R$ 60.000,00 para aquisição de equipamentos já em utilização. Todas essas receitas tiveram um resultado de R$ 1.090.000,00, que não resolve totalmente o problema por conta dos débitos anteriores.

Ainda sobre as emendas dos deputados, Dra. Evane Berenguer, explicou que algumas delas vêm com destinação específica, como por exemplo, para comprar equipamentos e não para abater o déficit do hospital.

Dr. Carlyle explicou que em nenhum momento houve atraso da secretaria de Saúde do município e nem do Governo do Estado com relação aos repasses financeiros para o hospital, o problema, disse ele, é que esses recursos não são suficientes para atender as despesas.

O médico citou que os funcionários estão sem receber seus salários referentes ao mês de fevereiro pela falta de recursos, assim como os médicos estão com atrasos ainda maiores.

Outro problema

Além do problema financeiro, o hospital, que é para atender urgência e emergência, acaba não voltando o paciente que vem buscar o atendimento que não se encaixa nessas modalidades. Há uma demanda que vem dos PSFs por várias razões, como por exemplo a falta do médico por estar de férias ou mesmo pela condição estratégica do hospital localizado em área central da cidade.

Para Dr. Carlyle, mesmo com todas as dificuldades, não é o momento de desistir e de se desesperar, mas de dar as mãos.

Embora os momentos de crise, Dr. Carlyle desenhou planos de avanços para o Hospital São Raimundo.