Tasso Jereissati diz sentir alívio e dever cumprido
Brasília. Um dia após desistir oficialmente de ser candidato a presidente do PSDB, o senador Tasso Jereissati (CE) se disse “aliviado” e com a sensação de “dever cumprido” por ter “chacoalhado” o partido.
Segundo ele, sua função foi demonstrar que a legenda, principal aliada do governo de Michel Temer durante o impeachment, é mais do que a imagem que ultimamente estava sendo apresentada na mídia.
“Mostramos que tem gente diferente, não somos como o PSDB que ultimamente estava aparecendo na mídia. Existe ainda indignação com atitudes que não condizem com nossa história, o nosso princípio. Deu uma chacoalhada principalmente nos mais jovens”, afirmou Tasso, em uma referência às suspeitas de corrupção envolvendo o senador mineiro Aécio Neves, presidente afastado do partido. Tasso comandou a sigla de forma interina de maio até o início do mês, após ser destituído por Aécio.
Tasso e o governador de Goiás, Marconi Perillo, concordaram em desistir de disputar o comando do PSDB em favor do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, que deve assumir a função no próximo dia 9, na convenção tucana.
“O governador tem a liderança, tem a autoridade e a habilidade necessárias para resolver os enormes problemas que o partido tem”, disse Tasso. “As opiniões diferentes existem, mas ele (Alckmin) como ponto de união, vai ser capaz de convergir para uma solução”. Em mais uma referência a Aécio, o senador disse que a nova executiva da sigla, que será eleita no dia 9, tem que ter “cara limpa”.
“Tem que estar afinado com as propostas de Mário Covas, de Fernando Henrique e nossas”, defendeu Tasso.
Texto polêmico
Apesar do acordo entre Tasso e Perillo em prol de Alckmin estabelecido na segunda-feira (27), o partido se viu envolvido em nova polêmica ontem.
O PSDB apresentou, em Brasília, um documento com as diretrizes para reformular o programa partidário visando às eleições de 2018. Produzido pelo Instituto Teotônio Vilela (ITV), braço teórico da legenda, o texto virou alvo de críticas de economistas e intelectuais tucanos logo após seu lançamento.
Com 15 páginas, o texto defende de forma genérica um “choque de capitalismo”, ao mesmo tempo que prega que o Estado deve ser “indutor do desenvolvimento”. O programa afirma ainda que “o livre mercado não é capaz de assegurar distribuição mais equânime das riquezas produzidas” e admite a manutenção de empresas estatais, embora defenda privatizações.
No documento, o PSDB resume em sete tópicos o que chama de renovação de suas estratégias: retomar o crescimento; combater a pobreza e as desigualdades; oferecer igualdade de oportunidades para todos; eliminar privilégios consolidados por décadas; prestar serviços públicos adequados, a começar pela educação, pela saúde e pela segurança; fortalecer a Federação e promover o desenvolvimento regional.
Fonte: Diário do Nordeste